A agência de notícias francesa Agence France-Presse (AFP) realizou uma cerimónia, na sua sede, em Paris, em homenagem ao jornalista Arman Soldin, morto no mês passado, na Ucrânia, aos 32 anos.

Soldin, coordenador de vídeo da AFP na Ucrânia, foi morto num ataque, no leste do país. A sua morte provocou uma onda de manifestações de empatia e homenagens, em todo o mundo.

"Desde o anúncio da morte de Arman, a emoção não diminuiu. Tenho até a sensação de que aumentou, à medida que todos nos tornámos conscientes da personalidade extremamente cativante e luminosa de Arman", disse o presidente da AFP, Fabrice Fries.

"Arman tinha a rara habilidade de encontrar momentos de vida e até de poesia, no meio do horror", disse a ministra da Cultura francesa, Rima Abdul Malak, na cerimónia.

Soldin fazia parte de uma equipa de repórteres da AFP, que acompanhava soldados ucranianos, perto da cidade sitiada de Bakhmut, o epicentro dos combates recentes e alvo diário das forças russas.

Quando estavam a voltar para o carro, foram alvo de uma série de rockets. Uma "ogiva caiu muito perto de Arman e ele morreu quase instantaneamente", escreveu o director da AFP, Phil Chetwynd, num email aos seus colaboradores. "Um soldado, vários metros à frente, conseguiu mergulhar com segurança numa trincheira próxima. O resto da equipa de reportagem estava a 20 ou 30 metros do ataque e conseguiu lançar-se no chão, conforme é feito nos treinos. Todos escaparam ilesos", acrescentou.

Chetwynd enfatizou que toda a equipa usava coletes à prova de balas e capacetes e que foram treinados para identificar o ruído da artilharia e dos foguetes que se aproximavam, bem como a realizar as acções necessárias nestas situações.

Um dos membros da equipe de reportagem, Emmanuel Peuchot, fez um relato detalhado da experiência, na cerimónia. "Não, Arman não era um louco que corria riscos imprudentes", disse Peuchot. “No terreno, Arman sempre foi sério, focado e sempre atento aos riscos como todos nós. Sim, Arman filmou o mais próximo possível, porque não filmamos a guerra de longe”, acrescentou.

Os colegas de Soldin foram acompanhados na cerimónia pelo embaixador da Ucrânia, em França, e representantes de outros meios de comunicação, bem como os pais de Frederic Leclerc-Imhoff, um jornalista francês morto na Ucrânia no ano passado, também aos 32 anos.

França lançou uma investigação de crimes de guerra sobre a morte de Soldin. Pelo menos 11 jornalistas foram mortos na Ucrânia desde a invasão da Rússia, de acordo com dados dos Repórteres Sem Fronteiras e do Comité para a Protecção dos Jornalistas.