Relatório indica tendências e inovações nos média em Espanha e Portugal
Num relatório, desenvolvido pelo Observatório Ibérico de Media Digitais e da Desinformação (IBERIFIER), e recentemente publicado, vários especialistas realizaram uma análise profunda ao ecossistema de média para identificar as tendências que vão influenciar os próximos cinco anos. O objectivo é orientar as decisões de directores, gestores de empresas de média, decisores políticos e outros actores sociais.
Principais Tendências:
Inteligência Artificial (IA): A evolução do ecossistema mediático entre 2025 e 2030 será marcada pela integração generalizada da IA, revolucionando a produtividade e a automação de tarefas. A cocriação de valor na economia de serviços também se tornará relevante.
Big Data e Tecnologias Emergentes: O Big Data continuará fundamental para análise e geração de conteúdo. Tecnologias como blockchain, Web3 e NFTs devem criar um ecossistema digital descentralizado e seguro, que poderá oferecer novas oportunidades para o sector de média.
Envolvimento das audiências: As audiências vão desempenhar um papel mais activo, exigindo mais interactividade e personalização no consumo de informação. Para dar resposta ao sector em constante alteração, o jornalismo deverá ser ainda mais diferenciado de outros conteúdos, apostando no rigor ético.
O relatório refere também que “a corresponsabilização das plataformas será fundamental para combater a perda de confiança nas instituições, empresas e jornalistas”.
Distribuição de conteúdo e redes sociais: As redes sociais vão aumentar o seu domínio na distribuição de conteúdo, exigindo uma adaptação constante às mudanças algorítmicas num ambiente de saturação de informação. Os formatos de vídeo curtos e as narrativas visuais vão ganhar popularidade.
Desafios éticos e de sustentabilidade: A adopção da IA trará mudanças radicais na produção de média, mas enfrentará desafios éticos e de sustentabilidade, incluindo a gestão de talentos criativos.
Ensino da comunicação e do jornalismo: esta área enfrentará o desafio de acompanhar todas estas inovações e deverá apostar no reforço de competências analíticas e na verificação de dados para responder ao crescimento da desinformação. A comunicação, principalmente científica, deve diversificar-se em canais e práticas. As redes sociais vão sobressair como principais fontes de consulta e disseminação de informação, trazendo novos desafios de credibilidade e verificação de informação.
IA na experiência do utilizador: A IA vai ser usada para melhorar a experiência do utilizador, personalizando conteúdos, mas também representará um risco de desinformação.
Formatos Audiovisuais e IA: Há consenso sobre a necessidade de formação em formatos audiovisuais e implementação da IA no jornalismo, embora haja dúvidas sobre a capacidade das redacções lidarem com as mudanças disruptivas da IA.
Outras conclusões:
- A emergência climática precisa de um plano de comunicação multidisciplinar para produzir conteúdos rigorosos, evitando o alarmismo e interligando os acontecimentos para fornecer maior contexto. Os meios de comunicação social devem ter um papel crucial na educação e mobilização da opinião pública para a sustentabilidade e para a acção sobre as alterações climáticas.
- O jornalismo de dados vai crescer nas redacções e o tratamento de dados vai afirmar-se como uma ferramenta fundamental para a nova geração de conteúdos. 75% dos gestores aponta, a curto prazo, para a maior integração de dados no trabalho desenvolvido pelos jornalistas nas redações.
- A IA vai transformar processos intermédios de produção.
- Os gestores inquiridos defendem que vai ser crucial criar narrativas simples e visuais adaptadas ao consumo das redes sociais, destacando a popularidade dos formatos de vídeo curtos, explicativos e verticais (83%) e os de tom mais natural, transparente e acessível (66%).
- Do ponto de vista da formação, os gestores subscrevem a necessidade de produzir formatos audiovisuais ágeis que tenham um maior impacto na audiência.
- Os inquiridos destacaram também que o desenvolvimento da IA vai criar uma ameaça acrescida à informação, pois motivará o surgimento de desinformação mais sofisticada e difícil de verificar.