Soluções para prevenir o “burnout” nas redacções

O Reynolds Journalism Institute (RJI) publicou no seu site os resultados de um estudo sobre o burnout no jornalismo nos EUA, com especial ênfase nas soluções para o futuro — A crise do “burnout” no jornalismo: Soluções para as redacções de hoje.
O objetivo do estudo era conhecer a percepção dos jornalistas sobre o impacto do burnout nas redacções e possíveis soluções que as redacções possam implementar.
“Feedback honesto e directo sobre como é trabalhar em jornalismo traduz-se em soluções que estão alicerçadas na realidade”, diz Randy Picht, director exectivo do RJI, acrescentando que “essa é a única forma de mover a agulha, e é exactamente por isso que fizemos este inquérito”.
O relatório deste trabalho, realizado em parceria com a empresa de estudos SmithGeiger, está disponível em https://rjionline.org/wp-content/uploads/sites/2/2024/02/RJI-Journalism-Burnout-Study-SmithGeiger-White-Paper-Feb-24-v1.33.pdf.
Participaram 1140 pessoas dos 50 estados dos EUA, com uma média de idades de 42 anos. A maioria dos inquiridos (60%) são profissionais no activo (jornalistas e gestores), tendo também participado pessoas que já não estão a exercer a profissão, bem como estudantes e professores de jornalismo.
Os inquiridos identificaram aquelas que lhes parecem ser as principais soluções para prevenir o burnout. As três potenciais áreas apontadas pelos participantes foram: opções de flexibilidade na gestão das horas de trabalho, volume de trabalho e responsabilidades associadas às histórias e reportagens, e mudanças na cultura de trabalho nas redacções.
Dentro de cada uma destas áreas, os inquiridos avaliaram opções mais concretas que podem ser implementadas nos locais de trabalho.
Flexibilidade e horários de trabalho
Depois dos anos de pandemia, o teletrabalho tornou-se uma opção que os trabalhadores não querem excluir. Também neste estudo é valorizado esse aspecto, bem como uma maior flexibilidade na gestão dos tempos de trabalho.
Uma grande parte dos inquiridos (mais de 80% dos actuais profissionais e dos ex-jornalistas e gestores) apresentou sugestões como:
- Oferecer a opção da semana de quatro dias de trabalho;
- Possibilitar os turnos híbridos, permitindo o teletrabalho;
- Permitir turnos com horários mais flexíveis.
Volume de trabalho e responsabilidades associadas às histórias
A segunda área mais referida tem que ver com a liberdade de escolha dos profissionais no que diz respeito à forma como as notícias são tratadas e “ao tempo e atenção que os jornalistas podem dedicar aos seus trabalhos”, diz o estudo.
Algumas das sugestões deixadas pelos profissionais foram:
- Avaliar com regularidade o volume de trabalho dos jornalistas e das diferentes equipas;
- Permitir que os jornalistas tenham mais oportunidade de dar opinião sobre a forma como o trabalho pode ser feito;
- Abrir mais oportunidades para a criatividade, incluindo na forma de contar as histórias;
- Dar espaço aos jornalistas para trabalharem em histórias mais longas, evitando que fiquem apenas alocados à actualidade.
Mudanças na cultura de trabalho nas redacções
Embora esta tenha sido a terceira ideia mais votada para os actuais profissionais, para os ex-jornalistas e gestores esta área conquistou o segundo lugar.
Algumas das sugestões neste campo foram:
- Reconhecer e valorizar mais o trabalho dos jornalistas;
- Identificar como os empregadores podem apostar mais em novas ideias ou pôr o foco em prioridades-chave;
- Comunicar de forma mais clara as prioridades das redacções;
- Dar feedback com regularidade.
O RJI e a empresa SmithGeiger planeiam agora trabalhar com as redacções do país para traduzir estes resultados em acções concretas através de workshops e seminários, sempre com vista a criar condições que previnam o burnout.
(Créditos da fotografia: Jenny Ueberberg no Unsplash)