Artigos gerados por automação são mais difíceis de compreender
Um estudo desenvolvido pela Universidade Ludwig Maximilian de Munique (LMU) concluiu que os leitores consideram os textos escritos por sistemas automáticos ligeiramente mais difíceis de compreender do que os textos escritos por jornalistas, informa o comunicado de divulgação do estudo.
A investigação envolveu 3135 consumidores de notícias online no Reino Unido e foi-lhes pedido que avaliassem, num conjunto de parâmetros, 24 artigos — 12 produzidos por sistemas automáticos e 12 escritos manualmente. Os leitores não sabiam a origem de cada artigo.
Os resultados, publicados na revista científica Journalism: Theory, Practice, and Criticism, “sugerem que o uso de automação para produzir artigos noticiosos com muitos dados muda a percepção dos textos, de tal forma que afecta negativamente a sua compreensibilidade”, lê-se no resumo do estudo.
As palavras escolhidas e a forma como os sistemas automáticos apresentam os números são algumas das características que tornam estes textos menos perceptíveis.
Segundo os participantes, as palavras e as frases usadas pela automação são “desadequadas”, “difíceis” ou “incomuns”.
“Os leitores ficaram ligeiramente, mas significativamente, mais satisfeitos com as partes numéricas, a quantidade de linguagem descritiva e a escolha de palavras nas histórias escritas manualmente”, explica o artigo científico, intitulado “Too many numbers and worse word choice: Why readers find data-driven news articles produced with automation harder to understand” (“Demasiados números e pior escolha de palavras: Porque leitores consideram artigos noticiosos baseados em dados produzidos de forma automática mais difíceis de entender”, numa tradução livre).
Ainda assim, não foram encontradas diferenças significativas entre os dois tipos de texto no que diz respeito à extensão das frases, à extensão dos parágrafos e ao estilo de escrita.
Os resultados do estudo “indicam a importância não apenas de manter o envolvimento humano na produção de conteúdo de notícias baseado em dados, mas de refiná-lo”.
Quando estão a editar textos gerados automaticamente, “os jornalistas devem ter como objetivo reduzir a quantidade de números no texto, explicar melhor as palavras que os leitores provavelmente não entendem, alterar palavras desadequadas e aumentar a quantidade de texto que ajuda o leitor a entender do que trata a história [linguagem descritiva]”, conclui o estudo.
(Créditos da fotografia: Glenn Carstens-Peters no Unsplash)