Zemmour revela-se em França candidato presidencial “anti-media”
À semelhança do que tem vindo a acontecer, nos últimos anos, em diversos países ocidentais, a França conta, agora, com um candidato presidencial “anti-media”.
Chama-se Eric Zemmour e, nos primeiros eventos da sua campanha eleitoral, teceu duras críticas ao trabalho jornalístico em França, acusando os profissionais de integrarem um sistema que “quer roubar a democracia aos cidadãos”.
Além disso, conforme recordou Jon Allsop num artigo publicado na “Columbia Journalism Review”, numa das suas intervenções, Zemmour prometeu que, caso seja eleito, irá combater “as ideologias estrangeiras” que só sobrevivem graças ao “jornalismo militante”.
Zemmour, recorde-se, iniciou o seu percurso profissional enquanto jornalista político, escrevendo uma coluna para o jornal “Figaro” e aparecendo em diversos programas de rádio e de televisão.
Mais recentemente, este candidato presidencial começou a marcar presença regular em programas do CNews, um canal informativo, conhecido pela sua linha editorial conservadora.
Nos últimos meses, porém, Zemmour foi forçado a afastar-se das suas funções jornalísticas, uma vez que começaram a surgir rumores sobre a sua possível candidatura presidencial.
Neste período, em que a sua candidatura não estava confirmada, diversos jornalistas tentaram apurar as suas intenções políticas, o que alimentou o discurso crítico de Zemmour contra estes profissionais.
Em Outubro, por exemplo, ainda antes de oficializar a sua campanha, Zemmour revelou intenções de “retirar o poder aos ‘media’”.
Em resposta a estas provocações, os “media” franceses têm assegurado uma cobertura noticiosa exaustiva das acções de Zemmour. Aliás, conforme apontou uma análise recente, citada por Allsop, em Setembro, este candidato foi convidado para seis programas em horário nobre, além de ter sido mencionado mais de quatro mil vezes por publicações jornalísticas.
Dezembro 21
Conforme recordou Jon Allsop, este cenário assemelha-se àquele que antecedeu a eleição de Donald Trump, cuja campanha eleitoral, em 2016, foi acompanhada de perto por “media” nacionais e internacionais.
Isto tem vindo a acontecer porque, tal como Trump, Zemmour tece comentários mordazes e provocadores.
Ainda assim, Zemmour tem conseguido deixar o seu cunho pessoal, trabalhando para estabelecer uma “credibilidade intelectual”, através de vídeos de campanha nos quais surge numa biblioteca, ou junto de vários documentos.
Allsop defende que, ainda assim, é necessário ter em atenção a principal semelhança entre as campanhas de Trump e de Zemmour: “qualquer publicidade é boa publicidade”.
Portanto, nota o autor, a partir do momento em que os “media” concedem mais tempo de antena a Zemmour, as audiências captam a ideia de que este candidato é mais digno de atenção do que os restantes.
Posto isto, caso os “media” franceses não alterem o formato da sua cobertura presidencial, as eleições poderão ter um resultado indesejado para estes profissionais.
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