A revista pediu desculpas à nora do presidente e aos leitores. Mas, parte da cúpula da publicação demitiu-se.


Segundo o Conselho Editorial do Grupo Globo, “o erro da revista foi tomar Heloísa Bolsonaro como pessoa pública ao participar no seu coaching on-line. Heloísa leva, porém, uma vida discreta, não participa de actividades públicas e desempenha a sua profissão de acordo com a lei. Não pode, portanto, ser considerada uma figura pública. Foi um erro de interpretação que só com a repercussão negativa da reportagem se tornou evidente para a revista”.


A polémica nos meios jornalísticos instalou-se, a jornalista Amanda Rossi, defende que embora a reportagem “não constate nada que desabone a conduta profissional de Heloísa, mesmo assim tentou diminuí-la”.


No seminário “Jornalismo e Democracia”, promovido pelo Instituto de Estudos Avançados e pela Superintendência de Comunicação Social da USP, o professor Carlos Eduardo Lins da Silva elogiou o pedido de desculpas do Grupo Globo.


Por outro lado, Giulliana Bianconi, fundadora da Gênero e Número e colunista da Época, questionou a condição de pessoa não pública de Heloísa, lembrando o facto da visada vir a ser embaixatriz do Brasil, nos EUA, por força da recente nomeação para o cargo do seu marido,  que é  também  filho do Presidente.

O “esquecimento” de se apresentar como jornalista é um pecado menor quando o interesse público está em jogo. Mas, e quando se descobre que não existe nada que confirme esse interesse? Vale a pena insistir? Esta é a questão da equipa que redigiu o artigo publicado no Observatório da Imprensa do Brasil, com o qual o  CPI mantem um acordo de parceria.

Conclui-se  que, neste caso, “os códigos entre a exposição de vidas privadas e a relevância da matéria se embaralharam, com evidente prejuízo para o jornalismo. A mistura de conteúdo de teor voyeurista – dar uma espiada na intimidade do casal – com aspectos políticos não foi feliz”.

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