Durante muito tempo era a Colômbia que detinha esse primeiro lugar na morte de jornalistas, e não exclusivamente por culpa do tráfico de droga, mas por uma guerra civil que misturava as forças armadas do Estado, as da guerrilha, os grupos para-militares e, naturalmente, os bandos do narcotráfico. Em 1989, o diário El Espectador  foi alvo de um atentado à bomba pelo temido grupo de Pablo Escobar.

Mesmo com menos mortos, e segundo os dados da Fundación para la Libertad de Prensa, só em 2014 houve 164 jornalistas colombianos ameaçados, perseguidos, agredidos, silenciados ou obrigados a deixar a profissão. 

As Honduras são o terceiro país mais perigoso, segundo esta lista, com 50 jornalistas e outros trabalhadores dos media assassinados entre 2003 e 2014; estes ataques são atribuídos ao crime organizado em conivência com a política. O Estado hondurenho procurou, em 2015, dar um sinal de que se preocupa com a gravidade destes factos, promulgando uma lei de protecção aos jornalistas e aos defensores dos direitos humanos. 

Por seu lado, os Estados com regimes habitualmente clasificados como “populistas” doseiam a aplicação de medidas como a distribuição arbitrária de subvenções, a perseguição judicial directa e a sanção das leis, usando o argumento da “democratização da comunicação” ou da “desconcentração da propriedade”, e dando sempre mais rigor aos adversários políticos e mais flexibilidade aos seus fiéis. 

As multinacionais extractivas continuam a fazer o que sabem, produzir e exportar nas condições de maior lucro para si próprias as matérias-primas em que são especializadas, e procurando silenciar os protestos públicos que se têm organizado em muitos países da América Latina. 

Mas tendo descrito este quadro, José Crettaz não deixa de sublinhar também o lado luminoso do jornalismo latino-americano, que goza de grande vitalidade, com figuras independentes no jornalismo de investigação, ou associadas a movimentos de denúncia de escândalos financeiros e ocultação de capitais:

 

“Como noutros lugares do mundo, também nesta região se procuram modelos de empresa que permitam financiar o jornalismo de qualidade e superar a crise actual, caracterizada pela falência de meios de comunicação e o despedimento de jornalistas. Neste sentido, é relevante a experiência da Media Factory, uma ‘aceleradora’ de empreendimentos jornalísticos latino-americanos.”

 

 

O texto de José Crrettaz na íntegra, em Cuadernos de Periodistas