O Sindicato dos Jornalistas assinala o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa com uma conferência intitulada “Em Nome do Jornalismo”, que junta, nas instalações da Representação da Comissão Europeia em Lisboa, dez oradores estrangeiros e outros dez especialistas nacionais, presentes em seis painéis de debate, sobre os temas da insegurança laboral vs. independência; condições de trabalho e acção sindical; a ética como modelo de negócio; caminhos alternativos; novas realidades; e jornalismo ameaçado. 

A Europa continua a ser a região do globo que mais respeita os jornalistas, mas, como mostra o World Press Freedom Index 2018, publicado há dias pelos Repórteres sem Fronteiras, isso não significa que o continente escape à "crescente animosidade contra os jornalistas". 

Segundo o DN, que aqui citamos, “se é na Europa que a liberdade de Imprensa está menos ameaçada, é também aqui que mais piorou em relação ao ano anterior. Muito devido aos assassínios de dois jornalistas de investigação nos últimos seis meses: a maltesa Daphne Caruana Galizia, em outubro de 2017, e o eslovaco Jan Kuciak, em fevereiro deste ano. Este último é um dos 32 jornalistas mortos desde o início do ano no mundo”. 

"É claro que isto mostra que trabalhar na Europa pode ser perigoso e difícil, muito mais do que muita gente pensa", explicou ao site WikiTribune Rachael Jolley, editora da revista Index on Censorship. Para Jolley, "as duas mortes de jornalistas de investigação num período de seis meses são uma chamada de atenção chocante para aqueles que pensavam que a União Europeia era relativamente segura para os jornalistas". 

“Malta e Eslováquia aderiram ambas à UE em 2004, no grande alargamento a Leste. E ambos os países tiveram de lidar com crises políticas provocadas pelas mortes de Caruana Galizia e Kuciak. Ambos foram mortos depois de terem denunciado altas figuras do poder político nos seus países.” (...) 

A Directora-Geral da UNESCO, Audrey Azouley, assina uma mensagem em que chama a atenção para este recrudescimento de violência contra os jornalistas, bem como para “os novos desafios relativos à liberdade de imprensa na Internet”: 

“A liberdade de Imprensa, como toda a liberdade, nunca é um dado totalmente adquirido. O desenvolvimento de uma sociedade do conhecimento e da informação, através dos canais digitais, implica maior vigilância acrescida que garanta os critérios essenciais de transparência, de livre acesso e de qualidade.” 

“Uma informação de qualidade exige um trabalho de verificação das fontes e de selecção dos assuntos pertinentes; exige uma deontologia e independência de espírito que depende inteiramente do trabalho dos jornalistas. O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é também uma oportunidade para destacar o papel fundamental que esta profissão assume na defesa e na preservação de um Estado de Direito democrático.” 

“Em 2017, no mundo inteiro, foram assassinados 79 jornalistas no exercício das suas funções. A UNESCO está empenhada na defesa da segurança dos jornalistas e na luta contra a impunidade dos crimes cometidos contra estes. Contribui também para a formação de jornalistas e apoia as autoridades de diferentes países a adaptarem a sua legislação às normas internacionais, em matéria de liberdade de expressão.” (...) 

 

Mais informação no DNObservador,  nos RSF  e a mensagem da UNESCO.