Num vídeo publicado nas redes sociais, distinguem-se três jornalistas rodeados por um grupo de “coletes amarelos”. 

“Foi então que os meus dois guarda-costas, com quem trabalho sistematicamente nas manifestações, me disseram para correr muito depressa e me extraíram [do local]. Penso que me salvaram a vida”  - conta Forquès, que se refugiou num camião das CRS para escapar aos que o perseguiam.” 

O jornalista da C-News, Jean-Luc Thomas, conta que recebeu pontapés, cuspidelas, uma garrafa de água atirada à cara, e foi perseguido pelas ruas de Toulouse. 

“Em comunicado, a associação de jornalistas de Toulouse sublinha que, em Béziers, os jornalistas do Midi Libre foram molestados e acusados de serem ‘vendidos ao Macron’; apesar das tentativas de diálogo, a sede do jornal foi atacada.” (...) 

“Os jornalistas que fazem regularmente a cobertura de manifestações estão de acordo: a violência contra eles já vem desde há vários anos, e não só dos ‘coletes amarelos’. Mas alguns vêem nas agressões recentes uma escalada.” 

“Este clima toma uma amplitude inédita com o actual movimento. Em cada manifestação, os nossos jornalistas têm de enfrentar situações tensas”  -  conta ao Le Monde Céline Pigalle, a directora de informação da BFM-TV. “Os ‘coletes amarelos’ são movidos por uma cólera poderosa, da natureza da revolta, que descarregam sobre os jornalistas.” 

“Os jornalistas são acusados de não darem uma imagem fiel da realidade. Mas, para muitos, esta imagem é aquela em que acreditam. A prova é que algumas pessoas, nomeadamente do governo, acham que temos feito muito [trabalho] sobre os ‘coletes amarelos’, enquanto estes entendem que não se fala deles o bastante, ou como desejariam”  - acrescenta. 

“Estas manifestações estão de tal modo espalhadas por toda a França que é impossível cobrir completamente o movimento, o que pode provocar frustração.” 

Para Alexandre Kara, director da TV Franceinfo, os incidentes são sobretudo causados por “minorias activas”, e seria incorrecto estigmatizar todo o movimento pelas violências cometidas. 

Depois das agressões em Toulouse, o Club de la Presse Occitanie apelou ao boicote da cobertura dos “coletes amarelos”, e o Sindicato Nacional dos Jornalistas manifestou, em comunciado, a sua “solidariedade total”, afirmando que “todos devem compreender que atacar jornalistas é atacar a liberdade de Imprensa, pilar da nossa democracia”. 

Quanto ao jornalista Jean-Wilfrid Forquès, muito solicitado para dar o seu testemunho nos estúdios de televisão, tem recusado até agora: 

“De acordo com a minha estação (BFM-TV), não desejo ser instrumentalizado e deitar ainda mais gasolina sobre o fogo”  - explica. Depois de mais insultos pelas redes sociais, solicitou ser colocado sob protecção policial.” 

Segundo L’Obs, em mensagem muito recente, colocada no Facebook, Sophia Chikirou  - que foi conselheira de comunicação de Jean-Luc Mélenchon, nas eleições presidenciais -  declara “não sentir uma compaixão sincera por estes jornalistas; o seu nível de corrupção mental, as suas mentiras e a desinformação que nos impõem são outros tantos elementos que justificam a cólera”. Declara também que, para informação, “as redes sociais são mais seguras”, mas que os jornalistas não devem ser maltratados: 

“Evitemos dar aos jornalistas o pretexto de se vitimizarem. Não os linchem: não lhes falem, não os leiam e não olhem para eles.”

 

Mais informação em Le MondeLe Figaro  e L’Obs