Uma reflexão perturbante: e se o digital também estiver condenado?

Se assim é, pelo menos o “castigo” toca a todos. Vamos então guardar o bom humor enquanto tratamos de coisas sérias, e estas são colhidas de um texto de Michael Wolff, no UsaToday, que cita, por sua vez, um longo trabalho de Henry Mance, no Financial Times, sobre o mesmo assunto.
A conclusão do primeiro:
“Por outras palavras, se nem os consumidores nem os anunciantes são capazes de pagar o suficiente pela informação para cobrir os seus custos no suporte impresso, também não o vão fazer no digital. O imediatismo e a eficiência, a capacidade de pesquisa e a conectividade não mostraram de todo terem mais valor do que a lenta comunicação das notícias da véspera.”
O balanço das vítimas do desastre vem logo no início do texto de Wolff:
“Nos últimos seis anos, a indústria do jornalismo impresso, nos Estados Unidos, encolheu mais do que metade e, no Reino Unido, segundo o Financial Times, encolheu um terço, precipitando o anúncio, na semana passada, do encerramento, ao fim de 30 anos, da edição impressa do Independent. Mas o esforço para reinventar esta actividade online - (dizem sempre: o futuro está no digital…) – revela, se tal é possível, um quadro ainda mais sombrio. Apesar do clamor do mundo online a respeito do crescimento da publicidade, e da confiança de muitos editores em que as entradas dos anúncios online vão certamente substituir as do impresso, o preço per-view do anúncio digital continua a cair, e cada vez mais dólares dos anunciantes vão para o Google e o Facebook. Pelo menos há os bloqueadores de anúncios: ninguém é obrigado a ver um anúncio digital.”
A conclusão de Wolff: “De certo modo, podem ser boas notícias que tenha pelo menos ficado esclarecido que o digital não é o futuro da indústria da informação; e reconhecer-se que, em termos de um novo pensamento muito visionário, o jornal impresso até pode ter algumas notáveis vantagens - tais como os anúncios não poderem ser bloqueados. Claro que as más notícias são que se tenha chegado a este ponto só muito depois de a promessa do digital quase ter destruído a mesma indústria. Enfim, mais vale tarde do que nunca.”
Mais informação no artigo do USA Today: