Um veterano “fact-checker” americano conta a história desta nova ferramenta do jornalismo
Conforme explicou a uma sala apinhada, na Columbia Journalism School, em Nova Iorque, as coisas mudaram muito, a equipa a que pertence tem hoje o dobro dos efectivos e pelo menos metade deles falam uma segunda língua, incluindo dois que falam russo e um que é fluente em árabe.
A importância do fact-checking deu um salto a propósito de uma questão sobre citações de Sigmund Freud, que chegou ao Supremo Tribunal, com um despacho que - como descreve Peter Canby - “dizia basicamente que as revistas eram responsáveis pelas citações [que publicavam] de um modo como não tinha sido visto”. Foi a partir daí que se passou a guardar todo o material das entrevistas, incluindo notas, fitas gravadas e transcrições.
Sobre a situação actual, diz Peter Canby:
“As pessoas que nunca estiveram envolvidas no jornalismo, ou na ‘verificação de factos’, pensam que o mundo está dividido entre factos e opiniões, e que os fact-checkers tratam apenas dos factos. Para nós, a maior complexidade é a daquilo em que pensamos como sendo opiniões baseadas em factos. O modo como se constrói uma argumentação, se houver ingredientes que estejam notoriamente em falta, isso é qualquer coisa que nós vamos buscar.”
Foram recordados episódios que ilustram até que ponto se pode chegar em termos de fact-checking. Numa reportagem sobre um grupo de tropas especiais iraquianas, que tinham sofrido às mãos de terroristas e estavam envolvidas na batalha de Mossul, os membros da equipa de fact-checkers tinham de contactar 42 pessoas mencionadas:
“Todos eles tinham telemóveis” - contou Canby. “Os nossos fact-checkers ligavam e eles respondiam - Desculpe, mas estamos em combate. Pode ligar mais tarde?”
As dificuldades em obter resposta dos gabinetes da Casa Branca, nos tempos que correm, são de outra natureza. Mas Peter Canby afirma:
“Nós pensamos que é muito importante, mesmo quando sabemos que não vamos ter resposta da Casa Branca, agir como se fôssemos tê-la.”
O artigo original, na Columbia Journalism Review, a que pertence também a imagem utilizada