Um olhar para amanhã com novas tecnologias e gente dentro
O que poderemos, então, esperar, em termos mediáticos nos próximos 40 anos? Que novas tendências, com força para serem futuro e não se ficam apenas pela espuma dos dias?
É indiscutível que a estrutura dos “media” foi reinventada: as mensagens jornalísticas passaram a ser encaradas activos ou recursos informativos no quadro de estratégias de produção, venda e distribuição de bens, e as ideias de ‘multimédia’ e de ‘digital’ tornam-se modelos fundamentais de estímulo a um progresso.
E, nestes últimos meses, alguns modelos de negócios registaram um novo vigor. Os leitores, interessados em pagar por conteúdos de qualidade, passaram a subscrever jornais com “paywalls” e a fazer doações a títulos locais.
O trabalho jornalístico tornou-se autónomo, com os profissionais a dedicarem-se a novos formatos de sucesso. As “newsletters” e os “podcasts” informativos conquistaram um número respeitável de seguidores, ao apresentarem conteúdos de “nicho”. O “fact-checking” faz, agora, parte das funções de qualquer colaborador do meio.
Da mesma forma, o papel recebeu um novo fôlego: cientes da crescente popularidade dos “sites” noticiosos, os editores passaram a seleccionar artigos exclusivos para o “formato físico”. E os leitores parecem estar receptivos a esta “atenção” e à “curadoria”.
Apesar das recomendações de distanciamento social, os eventos continuaram a decorrer, mas num formato “híbrido”, que convida os consumidores a participarem numa “experiência única”.
A estrutura da equipa editorial foi, também ela, modificada. Em tempos, os “cubículos” foram substituídos pelos “open spaces”, incentivando a interacção entre colegas das diferentes secções.
Agora, espera-se que o trabalho se realize num regime dual, que combina o tempo passado em regime remoto, a partir de casa, e os dias em que os jornalistas se dirigem à redacção.
Supõe-se, de igual forma, que a Inteligência Artificial assuma um papel relevante na imprensa.
Até há pouco tempo, estes “robots” cingiam-se a redigir textos breves, sobre a meteorologia ou sobre o resultado de um jogo de futebol.
Porém, mais recentemente, as máquinas passaram a apresentar telejornais na China e escrever ensaios completos no “Guardian”.
Falta-nos, agora, saber qual será o verdadeiro papel da Inteligência Artificial neste “admirável mundo novo”: se, eventualmente, os “robots” substituirão os profissionais, ou se o público continuará a dar preferência à sensabilidade e empatia humanas.