“Durante mais de meio século, os meninos brasileiros tinham encontro regular com as notícias graças à Folhinha, o suplemento infantil do icónico Folha de S.Paulo, que desapareceu em 2016 por falta de anunciantes e como medida para reduzir custos. Antes, em 2014, tinham caído o Estadinho, a versão infantil de O Estado de S. Paulo, e o Globinho, o jornal para crianças de O Globo.” 

Um dos casos europeus que inspiraram a fundadora do Joca é o do norueguês Aftenposten Junior, hoje um exemplo do que pode ser feito neste nicho de mercado, e a que fizémos referência no site do CPI.  A propósito de países europeus, vale a pena lembrar a experiência portuguesa neste terreno, com o suplemento Pim Pam Pum!, do jornal O Século, a revista de banda desenhada O Mosquito e, mais recentemente, a Rádio Miúdos. São meios de natureza diferente, mas todos preocupados em cultivar e fixar um público muito jovem. 

Como conta Media-tics, que aqui citamos, Stéphanie Habrich reconhece que “a sua primeira tentativa fracassou: apontou as assinaturas aos adultos, como sucede no modelo europeu”. 

“Mas a realidade sócio-económica brasileira é muito distinta dos países nórdicos: o poder aquisitivo é menor. Soube fazer contas de novo e dirigiu então as assinaturas aos colégios privados, os únicos com os fundos necessários para ficarem com uma ou duas cópias do Joca, de publicação quinzenal. O êxito foi imediato e hoje chega a 200 escolas do país, das quais 25% são públicas (esforço tornado possível por mecenas, escolas privadas e fundraising de iniciativa dos pais). Mas 90% dos 18 mil exemplares do Joca que saem todos os quinze dias vão parar aos colégios, muitos dos quais já os incluem entre o seu material docente.” (...) 

O Joca chegou também a acordo com a Folha de S.Paulo para incluir alguns conteúdos no seu site. Mas a razão do seu êxito entre os jovens tem outra explicação: a participação. 

“O Joca, que tem 15 funcionários, dá aos pequenos leitores a oportunidade de participarem activamente na respectiva criação. Muitos meninos ‘trabalham’ como editores e outros propõem temas para fazer artigos ou reportagens. Por vezes fazem eles mesmo as peças, que depois são publicadas no diário. Os promotores consideram óbvio que um jornal vocacionado para as crianças conte com elas para o fazerem.” (...)

 

O artigo aqui citado, em Media-tics, e mais informação sobre a história e situação actual do Joca