The New York Times prepara-se para desafiar o futuro
A exortação de Fevereiro já era, sobretudo, apontada à redacção, que é a equipa que entra em campo para ganhar o jogo. Dean Baquet defendia que se mantivessem no espírito de todos “a missão e os valores” do NYT e explicava que “tudo o que fizermos tem de ser parte dessa missão, ou contribuir para gerar as receitas que nos permitam manter o nosso predomínio jornalístico”.
Se cabe aqui uma metáfora desportiva, digamos que a mensagem de Fevereiro era o discurso do treinador no balneário, para motivar o “espírito de corpo” da equipa - e o de agora são aquelas ordens concretas que se dão aos jogadores já em andamento, a ouvir o alarido de apoiantes e adversários.
Na síntese que se faz deste trabalho, no site Poynter.org, são sublinhados seis pontos principais:
- – O mercado do jornalismo digital favorece um noticiário do tipo “só no New York Times”: um jornalismo e informação “com autoridade e credibilidade, que os leitores possam usar para navegar nas suas vidas”.
- – Como fazer uma cobertura séria do Presidente da Câmara e do Governador “e produzir jornalismo que faça sentido, sabendo que menos de metade dos nossos leitores vive em Nova Iorque”?
- – Uma escrita menos empolada e mais suportes visuais: “maior diversidade de formas narrativas, incluindo um jornalismo mais visual e uma escrita mais coloquial”.
- – Novo modelo de edição: há um grupo de trabalho a estudar “se as nossas editorias estão adequadamente estruturadas para uma era em que as reportagens já não se movem ao ritmo da impressora”.
- – Os editores já não vão estar ocupados com “preencher o espaço”; vão concentrar-se na cobertura e no melhor modo de contar as histórias. “Uma equipa dedicada de designers e editores vai então construir o jornal impresso a partir da grande riqueza do jornalismo.”
- – As antigas grandes editorias podem reduzir espaço. “Pode acontecer que certos temas importantes - como a alteração climática, a educação, a saúde pública, por exemplo - funcionem por si próprios.”
Uma notícia recente, publicada por outro jornal, dizia que The New York Times tinha planos de despedir “algumas centenas” dos seus trabalhadores na segunda metade deste ano. Dean Baquet esclarece que não há mais rescisões planeadas para 2016. Mas diz também que o jornal terá de “cortar em algumas áreas”, mantendo que vai “investir noutras”:
“Eu sei que há ansiedade a respeito dos cortes. Embora não estejam planeadas rescisões na redacção, para este ano, a empresa está a planear outras medidas para cortar custos, incluindo na redacção. É para mim claro que a economia do jornalismo, em mudança, torna improvável que possamos sustentar uma redacção desta dimensão, maior do que alguma vez foi.” (...)
“Eu sei que há muitas coisas a acontecer, agora mesmo. Mas, se me permitem, gostaria de dizer que começa a revelar-se a visão do The New York Times do futuro. Em pontos principais, será muito como o Times do passado - escrita de grande qualidade, reportagem de investigação, exclusivos e cobertura esmagadora, serão mais valorizados do que nunca. Nenhuma instituição, no jornalismo americano, está mais comprometida com estes ideais. No entanto, será diferente de modo significativo.” (...)
O texto da mensagem aos editores e jornalistas do NYT