The New York Times equaciona edição digital por assinatura sem publicidade
Tudo começa por uma experiência que já todos tivémos. Quantas vezes ficámos frustrados por não conseguir ler aquele artigo todo, precisamente porque havia um anúncio sempre a meter-se no meio? E quantas vezes não deixámos mesmo de frequentar um jornal online, quando chegámos à conclusão de que já era demais?
A invenção das aplicações que bloqueiam a publicidade pareceu resolver um problema, mas criou outro. Nos EUA, onde tudo isto começou, desenvolve-se uma feroz guerra dos bloqueadores de anúncios (Ad-Blocking War); existe abundante informação sobre o que se passa, e sugerimos, já agora, a leitura do artigo de Kate Murphy no NYT de 20 de Fevereiro deste ano, de que fica aqui um pequeno parágrafo:
“Não admira que o uso de software ad-blocking tenha aumentado 41% no ano passado, com 198 milhões de utentes activos em todo o mundo, segundo um estudo realizado pela Adobe and Page Fair. Isto representa uma ameaça existencial para a indústria da publicidade online, no valor de 50 biliões de dólares, e desencadeou uma guerra terrível entre os anunciantes e os criadores das aplicações bloqueadoras de anúncios. De um lado e do outro, os defensores da privacidade levantam os seus punhos pela liberdade de escolha do consumidor, enquanto os editores dos jornais online torcem as mãos pelas receitas perdidas.”
O que aconteceu agora não é ainda um programa, nem uma promessa, mas já é uma esperança. O presidente da administração do New York Times, Mark Thompson, admitiu que está a estudar a possibilidade de criar um “pacote” de assinatura sem anúncios:
“Queremos oferecer aos nossos utentes a máxima escolha que pudermos, e reconhecemos que há alguns deles - tanto assinantes como não-assinantes - que preferiam ter uma experiência sem anúncios.”
Haverá um preço para isso, naturalmente, e Mark Thompson tem palavras muito claras a este respeito:
“Nenhuma pessoa que se recusa a contribuir para a criação de um jornalismo de grande qualidade tem o direito de ser consumidora dele.”
Mark Thompson criticou asperamente o procedimento da empresa Eyeo, que detém a tecnologia avançada Adblock Plus e dirige o programa de lista de entrada Acceptable Ads, que alguns editores acabam por pagar, para terem os seus anúncios poupados ao bloqueio.
“Os ad-blockers apresentam-se frequentemente como uma resposta às experiências desagradáveis da publicidade digital. Mas a Eyeo não foi fundada por cidadãos conscientes. Foi fundada por um veterano do anúncio digital e representa a ponta mais cínica e mais sugadora de dinheiro do velho e ainda não regulado negócio do anúncio digital.”
A publicidade será sempre vital para o NYT, visto que 107 dos 110 milhões de pessoas que acedem à sua edição online não são assinantes - disse ainda Mark Thompson.
O projecto do NYT, anunciado num simpósio do IAB - Interactive Advertising Bureau