A novidade foi a recente repartição, decidida pelos editores do NYT, entre os avisos de BreakingNews  - coisas que estão a acontecer no momento -  e as notificações de TopStories  - reportagens especiais, de investigação ou de eventos que o próprio jornal considera importantes.

O diálogo entre Liz Spayd e os dois jornalistas mencionados, Eric Bishop e Michael Owen, pega nestas coisas pelo lado dos leitores  - como podem sentir-se frustrados se a notícia não lhes parece ser assim tão urgente, e só admitem ser interrompidos se for mesmo “coisa grande”...  ou, pelo contrário, como podem também sentir-se “traídos” pela desatenção do jornal, que não os chamou para uma coisa a que não queriam faltar. 

Uma das coisas que estes editores reconhecem é que há mais público para reportagens de substância (bread-and-butter New York Times stuff) do que se imagina pensando em dispositivos móveis. 

O debate passa depois por todos os meandros das nuances entre estratégias de captação de leitores a partir dos temas que se julgam ser do seu interesse, e artes de “pesca” generalista, visando aqueles públicos que o NYT pretende alcançar mas ainda não conseguiu. Como explica Michael Owen, numa frase bem articulada, que usa três vezes o conceito de “particular”: 

“O ethos do Times não será nunca do género ‘Estamos aqui a escrever reportagens para uma audiência particular’. Corre nas nossas veias o sangue generalista. Mas há grande poder em sermos capazes de dizer que achamos que algumas pessoas vão ser particularmente entusiásticas a respeito de uma reportagem particular.” 

Debateu-se entre os editores e a provedora uma questão posta por um leitor:

“Houve um ataque suicida cometido por um jovem de 13 anos que causou 50 mortos na Turquia: não teve notificação [no NYT]. Mas quando houve um padre de mais de 80 anos, em França, mandaram um aviso de BreakingNews. Porquê a disparidade?” 

Em último caso, o presente deste tipo de jornalismo já é intenso, com decisões a
serem tomadas não só dentro do dia, mas dentro da hora, tais como: Nós mandámos algum aviso há dez minutos? 

E a médio prazo, olhando para o futuro, Eric Owen diz que vê mais “personalização”:

“Bem, para já, e o Michael também falou disso, estamos a mandar notificações para grupos-alvo, mas só estamos a fazer um bocadinho disso. Provavelmente podíamos fazer mais se tivéssemos ferramentas mais sofisticadas, mais ‘largura de banda’ editorial para fazê-lo. Ainda estamos a tentar descobrir a melhor forma de obter feedback do leitor a respeito disto, embora o que temos tido até agora já seja bastante bom. Isso irá dar informação sobre quão ‘agressivos’ podemos tornar-nos com avisos mais apontados ao alvo.”

 

O texto original, no New York Times online