A chegada do covid-19 veio extremar este quadro, e grande parte dos colaboradores com mais de 60 anos estão a ser dispensados, já que não dominam as novas tecnologias com a destreza necessária para serem relevantes em regime de teletrabalho.


Segundo o autor, esta é apenas a primeira fase de “esvaziamento” das redacções.


O teletrabalho veio, também, sobrecarregar os jornalistas e contribuir para a erosão dos direitos dos trabalhadores, defende Christofoletti. 


Fora das redacções, os jornalistas acabam por exceder o tempo médio de trabalho. Sem as exigências impostas pelas entidades de segurança laboral, os profissionais adoptam as suas próprias rotinas que, invariavelmente, tendem a ser mais exaustivas. 


Ao mesmo tempo, quando as empresas incentivam o teletrabalho, transferem para os empregados alguns dos custos de produção, como energia eléctrica e internet.


Além do mais, apressar o fim das redações pode representar uma fragilização da ética profissional. 


Segundo o autor,  é nas redacções que se dão os encontros, as reuniões e a convivência social, se formulam argumentos e sedimentam os cânones da profissão.


A redação é, portanto, um berço de cultura, de identidade e de deontologia profissional.


Até porque a ética jornalística nunca poderá ser um resultado exclusivo do indivíduo. Quando confrontado com dilemas quotidianos, um jornalista não mobiliza apenas os seus valores íntimos para tomar decisões; convoca, também, as “regras de ouro” da profissão, os sentimentos e os argumentos dos colegas de trabalho, as expectativas morais do público e a linha editorial da empresa.


Posto isto, o autor defende que é necessário resistir ao desmantelamento das redacções, já que a sua extinção representaria o desaparecimento de espaços fundamentais para a prática e reflexão da profissão.


Leia o artigo original em “Observatório da Imprensa”