Talibãs condicionam liberdade de imprensa no Afeganistão
Desde que os talibãs voltaram a assumir o governo afegão, em Julho deste ano, que os “media” nacionais deixaram de oferecer tanta variedade informativa, além de programas de entretenimento, que ajudavam os jornalistas a estabelecer uma boa relação com o seu público, denunciou Emma Graham-Harrison num artigo publicado no “Guardian”.
A título de exemplo, especificou Graham-Harrison, os meios de comunicação deixaram de ter permissão para emitir episódios de séries românticas, de realizar investigações noticiosas, ou de dar emprego a mulheres.
Desta forma, alguns destes “media”, como é o caso da Radio Sanga, que costumava ser uma das estações mais populares do Afeganistão, perderam a sua audiência
“Ainda temos algum conteúdo de entretenimento, mas não tenho a certeza se poderemos continuar a emiti-lo”, disse Agha Sher Munar, dono da rádio, que perdeu quase 80% dos seus 1.5 milhões de ouvintes e foi forçado a dispensar um terço do número total de jornalistas, incluindo as três mulheres que lá trabalhavam.
“Os talibãs pediram-nos que partilhassemos todos os nossos conteúdos antes de emiti-los, portanto, agora, limitamo-nos a repetir as notícias das estações oficiais”, disse aquele responsável.
O sector mediático do Afeganistão era tomado como um caso de sucesso, já que, durante a presença das tropas norte-americanas no território, registou progressos a nível da liberdade de imprensa.
Contudo, com o regresso dos talibãs, a indústria parece ter entrado em “queda livre”. Dezenas de jornalistas abandonaram o país, temendo perseguição, enquanto várias mulheres foram forçadas a deixar de exercer as suas funções.
Novembro 21
Desta forma, nos primeiros 100 dias do novo governo talibã, cerca de 250 “media” -- incluindo jornais, canais de televisão e estações de rádio -- encerraram actividade.
A censura ao trabalho jornalístico verifica-se, igualmente, nas redes sociais, já que vários profissionais foram, já, obrigados a eliminar publicações informativas que haviam partilhado através destas plataformas.
Conforme apontou Emma Graham-Harrison, isto significa que a pluralidade mediática está em risco e que os países estrangeiros têm acesso a menos informações fidedignas sobre aquilo que se passa no Afeganistão.
“Se houver um acidente, ou um ataque, não podemos ir directamente ao local tirar fotos. Temos que falar, primeiro, com os talibãs para obter autorização”, afirmou o fotojornalista Mazar-e-Sharif que planeia, agora, tornar-se taxista. “Demoramos cerca de quatro ou cinco horas para obter ‘luz verde’ e, por essa altura, os destroços já foram limpos”.
Este ano, o Afeganistão ficou em 122º lugar no Índice de Liberdade de Imprensa dos Repórteres sem Fronteira, entre 180 países. Perante as novas restrições à actividade de imprensa, é provável que este território caia várias posições.
A inteligência artificial (IA) já não é uma novidade. O relatório Journalism, media, and technology trends and predictions, do Reuters Institute for the Study of Journalism, publicado no início...
Uma parte da população está a afastar-se do jornalismo, deixando de acompanhar as notícias regularmente. Os dados do relatório de 2024 do Reuters Institute mostram que 39% das pessoas assumem...
As publicações norte-americanas Axios e Tampa Bay Times comunicaram que irão reduzir as suas equipas, estando em causa o despedimento de, respectivamente, 10% e 20% dos profissionais. No caso do...
Embora se definam apenas como plataformas tecnológicas, as redes sociais influenciam as opiniões pessoais. Os especialistas em comunicação, como Rasmus Kleis Nielsen, autor do artigo News as a...
De acordo com Carlos Castilho, do Observatório de Imprensa do Brasil, com o qual o CPI mantém uma parceria, o jornalismo enfrenta, actualmente, dois grandes desafios, nomeadamente,...
Num texto publicado no media-tics, o jornalista Miguel Ormaetxea, reflectiu acerca da receita de publicidade digital dos media, que, em grande parte, fica nas mãos de grandes empresas de tecnologia,...
Num texto publicado na revista ObjETHOS, um dos seus pesquisadores, Raphaelle Batista, reflectiu sobre o papel que o jornalismo teve no Brasil durante 2022, assim como o que deve ser mudado.
Batista...
O Journalism Competition and Preservation Act (JCPA), um projecto de lei que pretendia “fornecer um 'porto seguro' por tempo limitado para algumas organizações de notícias negociarem...
Algumas organizações criaram um novo guia, Dimensions of Difference, para ajudar os jornalistas a entender os seus preconceitos e a cobrir melhor as diferentes comunidades. Este projecto baseia-se...