“Stress” profissional dos jornalistas agravado pela pandemia
Os jornalistas são dos profissionais com maior propensão a desenvolver problemas do foro psicológico, devido às condições de trabalho a que estão sujeitos, à falta de motivação para completar tarefas e à exposição a situações traumáticas, explicou María Miret García num artigo publicado nos “Cuardernos de Periodistas”, editados pela APM, com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Para chegar a esta conclusão, García analisou diversos artigos sobre o esgotamento emocional de jornalistas, incluindo uma investigação sobre “conflitos de valor, falta de recompensas e sentido de comunidade” desenvolvida pelo Departamento de Psicologia e Sociologia da Universidade de Saragoça, que contou com testemunhos de três mil jornalistas.
Neste estudo, os investigadores dão conta de que, em 2019, cerca de 69,9% dos inquiridos disseram ter sofrido níveis de “stress” baixos ou moderados, enquanto 27,4% experienciaram “stress” elevado ou “muito elevado”. Além disso, 53,3% não sentiam que estavam a desempenhar eficazmente o seu trabalho; 44,4% sofriam de exaustão emocional; 19,1% de despersonalização; e quase 18% de esgotamento profissional.
Tudo isto, diz outro estudo, foi agravado pelo período pandémico. Neste âmbito , mais de 80% dos jornalistas entrevistados pelo Centro Internacional de Jornalistas dizem ter registado uma deterioração significativa da sua saúde mental.
Este fenómeno, explica García, pode ser explicado através de um simples elemento: falta de motivação.
Isto porque, afirma autora, enquanto podemos argumentar que os médicos e os enfermeiros registaram grandes níveis de “stress” no contexto pandémico, sabemos, também, que estas classes profissionais continuam a receber incentivos, tanto pecuniários como emocionais, já que estavam a contribuir para um “bem maior”.
Setembro 21
Por outro lado, há vários anos que o sector dos “media” tem vindo a implementar cortes drásticos nas redacções, juntamente com um excesso no número e variedade de tarefas a realizar, bem como uma constante actualização em noções relacionadas com as novas tecnologias.
Tudo isto foi exacerbado pela pandemia, recorda a autora, já que passou a ser exigido que os jornalistas trabalhassem a um ritmo recorde, muitas vezes sem terem contacto directo com os seus colegas de profissão, e sem terem confiança na informação que estavam a partilhar, devido à rápida disseminação de notícias falsas e boatos sobre o coronavírus.
Podemos falar, assim, de um nível exaustivo de hiperconectividade, já que esta nova realidade obrigou os profissionais dos “media” a produzirem cada vez mais conteúdo, e a partilharem as suas ideias através de videoconferências. A este cenário acrescem, ainda, os salários baixos e os longos horários de trabalho.
Além disso, por norma, os jornalistas são expostos a situações traumáticas, o que pode aumentar a probabilidade de virem a desenvolver problemas do foro psicológico.
Assim, alguns especialistas defendem que os responsáveis pela redacção devem estar atentos aos sinais de esgotamento mental, mostrando-se empáticos com a situação.
A autora recorda, neste sentido, que algumas empresas já começaram a implementar sistemas de apoio para jornalistas, que consistem em promover a comunicação aberta, o debate, a educação para a saúde mental e o reconhecimento do sofrimento dos profissionais.
Leia o artigo original em "Cuaderno de Periodistas"
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