Redactor da agência Servimedia e colaborador de Madridiario, Nino Olmeda é conhecido pelo empenho com que tem tratado a defesa e as reivindicações das pessoas portadoras de deficiência. A conversa passou-se na Assembleia de Madrid, onde, como conta, “vivo quase permanentemente, porque é aqui que estão os políticos, e consigo a informação directamente deles”. 

Tem orgulho no seu bairro de origem, Vallekas, com “k”, como reclama, onde nasceu, cresceu, e onde dirige o canal Tele-K

Lamenta o pouco cuidado que é hoje dado ao autêntico jornalismo local:

“Mandam estagiários fazer a informação local, além de os explorarem, e mandam também aqueles que já deixaram de ser úteis para o jornalismo e dos quais querem dar cabo, porque já fizeram 50 anos ou tiveram problemas com a direcção.” 

Sobre a relação entre o jornalismo e a política, assume as necessárias distâncias:

“A minha obrigação é informar, e para isso é preciso ter uma boa relação com o político. E é preciso fazer-se respeitar. Porque um jornalista que se faz respeitar é um jornalista que impõe respeito aos outros. (...) Não estamos [no jornalismo] para elogiar ou louvar o trabalho dos políticos. Estamos para vigiar o que fazem. Para falar bem deles, estão lá os seus gabinetes de Imprensa.” (...) 

“O microfone não pode ser uma pistola. O bom jornalista, como o bom polícia, investiga e procura ter fontes. Só os maus jornalistas e os maus polícias arrancam confissões sob tortura.” (...) 

Assume também que passa muito mais tempo na Assembleia de Madrid do que na redacção da Servimedia:

“Sim, muito mais. Em geral, e não só no jornalismo, considero-me um lobo solitário  - com manada, mas solitário. Não gosto de colectividades, gosto de ir por mim próprio. (...)  Não tenho Twitter, nem quero ter. Quero comunicar com os cidadãos e com os políticos como sempre, em conferências de Imprensa, com notas de Imprensa ou chamadas pessoais. O que não pode ser é que os acontecimentos e os caprichos dos políticos sejam anunciados nas redes sociais às doze, ou à uma da madrugada, ou quando lhes apetece.” (...) 

“O imediatismo não leva a lado nenhum: vamos acabar com o jornalismo, vamos ficando cada vez mais afastados dos leitores, dos ouvintes e dos telespectadores. Creio que o jornalismo está em perigo.” 

Sobre as consequências da precariedade laboral, Nino Olmeda afirma:

“É muito difícil fazer jornalismo de qualidade porque, como em todas as profissões, há condições que são necessárias, e a primeira é a estabilidade. Com salários precários não pode haver trabalho de qualidade. Deste modo, estamos no caminho para algo que me repugna, que é um jornalismo declarativo. E ficamos com a sensação de que cada jornal é um gabinete de Imprensa de um partido concreto. (...) Numa conferência de Imprensa em que não seja permitido fazer perguntas, temos de nos fazer respeitar e não ir. Não podemos ser meios de transmissão das ideias dos partidos.” (...)

 

A entrevista, na íntegra, no site da APM