Ser jornalista no México é tornar-se “correspondente de guerra sem sair da sua terra”
Marcela Turati decidiu tornar-se jornalista na universidade, na mesma altura em que ponderava dedicar-se a uma organização de direitos humanos. Foi no jornal da instituição que deu os primeiros passos.
A jornalista investigou, em 2010, vários desaparecimentos de pessoas e o grande número de valas clandestinas existentes no México.
De todas as histórias que já cobriu, destaca as vítimas de violência, os sobreviventes e os familiares das vítimas, como sendo aquelas que mais a têm marcado.
E observa: “Para mim, talvez as pessoas que mais me comoveram, e com quem mais aprendi, foram as mães, as irmãs, as filhas de pessoas desaparecidas, porque as vejo lutando todos os dias, procurando seus familiares, tentando de diferentes formas, mudando leis, fazendo mobilizações, preparando-se em questões legais, tornando-se investigadoras quase particulares, aprendendo estratégias. (...) Com elas aprendi muitas coisas e, bem, sou muito grata porque elas me humanizaram.”
Turati faz referência, ainda, aos seus colegas assassinados no decurso do exercício da profissão naquele país. É o lado negro do próprio jornalismo que tem sido vítima de violência no México.
Em 2017, fundou o Quinto Elemento Lab, um laboratório de investigação e inovação jornalística, onde acompanha a concretização de reportagens de outros jornalistas, muitas delas com base em investigações profundas e arriscadas. Como consequência, a jornalista deixou de fazer reportagens semanais, passando a dedicar-se, maioritariamente, a projectos mais demorados e exigentes.
Mais informação em Observatório da Imprensa do Brasil.