As condições exigidas para este efeito, como são descritas na referida Comissão (CCIJP), também ajudam a explicar a situação presente: 

“É necessário exercer a profissão durante pelo menos três meses consecutivos, retirando desta actividade a maior parte dos seus recursos, o que significa mais de 50%. Naturalmente, as funções exercidas devem ser de natureza jornalística. Finalmente, o empregador deve ser uma empresa de Imprensa (escrita ou audiovisual) ou uma agência de Imprensa reconhecida.” 

Segundo o comentário que citamos, do AcrimedObservatório dos Media em França, “a precariedade galopante, o aumento [do número] de empregadores que recorrem à figura do auto-emprego, actividades dificilmente assimiláveis ao jornalismo, trabalho gratuito, são outros constrangimentos que pesam sobre os aspirantes à profissão”. (...) 

O Acrimed fez uma consulta ao “espaço de emprego” do site reservado aos mais antigos do Centro de Formação dos Jornalistas  - que visa, portanto, uma faixa de topo dos jovens jornalistas-diplomados -  e recolhe vários exemplos constrangedores, desde “responsável de comunicação para uma start-up” até “chefe de projecto de eventos digitais para um grupo bancário” ou “redactor para uma agência de viagens”. Pesquisou também outras fontes de candidaturas.

Mesmo Le Figaro propunha, num anúncio publicado em Abril de 2016, para funções de jornalista de “redes sociais”, um posto de trabalho não remunerado. 

Receamos bem que uma pesquisa tão abrangente, se realizada em Portugal, nos forneça situações tristemente semelhantes.

 

O artigo citado, na íntegra, no Acrimed. Imagem incluída de Eric Gaillard, da Reuters.