Este confronto de argumentos volta a colocar ao vivo a questão da violência assassina exibida em meios de comunicação de massas  - se deve ser protegida pela liberdade de expressão, ou combatida como acto de cumplicidade com o terrorismo, que se alimenta precisamente do seu próprio espectáculo. 

Segundo o DN, que aqui citamos, o que disse Mark Zuckerberg é uma justificação “que faz lembrar a do lobby das armas, que usa o mesmo tipo de argumento: não são as armas que matam mas as pessoas”. 

“Ora, na sequência do massacre de Março, a Nova Zelândia decidiu de imediato legislar sobre as armas, proibindo a venda de armas de assalto e semi-automáticas.” 

“Porém, impedir que volte a suceder alguém usar o Facebook Live para transmitir, durante 17 minutos, em tempo real, a morte de dezenas de pessoas (50 foram assassinadas em Christchurch), e que tal seja visto e descarregado (foram retirados posteriormente mais de 1,5 milhões de cópias e impedidos outros tantos downloads) por milhares de internautas, antes de ser retirado, é algo que aparentemente não será tão simples de conseguir.” 

John Edwards acusou também o Facebook de “permitir genocídios” (referindo a Birmânia e a perseguição dos Rohingyas, que foi incitada em posts no Facebook), e de “facilitar a ingerência estrangeira nas instituições democráticas” (aqui referindo a ingerência russa nas eleições americanas). 

No dia 5 de Abril, o jornal New Zeland Herald  noticiou que ainda há vídeos do massacre no FB. Apesar de Zuckerberg, na entrevista, ter dito que o FB está a trabalhar com a polícia neozelandesa, a reacção de um porta-voz à revelação do Herald foi de que a plataforma está a trabalhar “24 horas por dia para retirar novos carregamentos do vídeo usando uma combinação de tecnologia e de funcionários”. 

A responsável pelas operações da empresa, Sheryl Sandberg, deu razão ao principal argumento apontado pela opinião pública, de que “é preciso fazer mais” a este nível  -  garantindo que o Facebook já está a avaliar medidas para limitar a transmissão de vídeos em directo na rede social, fazendo-as depender de regras sobre as violações dos estatutos da comunidade.

 

 

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