Roteiro possível da imprensa generalista em cenário de guerra
Do outro lado do oceano, os “media” norte-americanos seguem, igualmente, as consequências da guerra, apontando os perigos enfrentados pelos jornalistas, além das tragédias vividas por diversos ucranianos, que perderam as suas famílias.
A título de exemplo, o título digital “Axios” recordou a morte dos correspondentes internacionais Brent Renaud e Pierre Zakrzewski, bem como da produtora Oleksandra Kurshynova.
Já a CNN emitiu uma entrevista com Serhiy Perebyinis, um cidadão ucraniano que perdeu a mulher e os dois filhos num ataque russo.
Também na Ucrânia os jornalistas continuam a assegurar a cobertura noticiosa do conflito, apesar dos perigos enfrentados.
Em entrevista para o “site” “Civil Rights Defenders”, Nataliya Gumenyuk, uma profissional dos “media” que está a acompanhar a guerra a partir de Kiev, explicou que o trabalho tem sido, particularmente, tenso e desafiante.
“Os maiores desafios que enfrentamos neste momento são a segurança e a logística. Há ataques aéreos russos, que não escolhem as suas vítimas. Estes atentados podem acontecer em qualquer parte da Ucrânia”, disse.
Além disso, Gumenyuk explicou que, dada a dimensão do país, é impossível reportar todos os acontecimentos.
“Há muitos incidentes a ocorrer ao mesmo tempo, em diversos locais. Não temos a capacidade de os documentar a todos. Não temos acesso às pequenas cidades que estão a ser controladas pelos russos, e não sabemos o que os habitantes dessas zonas estão a enfrentar”, continuou aquela profissional.
“Eu sou uma jornalista conhecida, com muitos contactos, e estou a passar dificuldades. Nem imagino aquilo que os repórteres locais estão a enfrentar”, concluiu.
Por outro lado, na Rússia, os jornalistas foram proibidos de informar o público sobre a guerra, e instruídos a seguir a narrativa do Kremlin, que fala de uma “missão humanitária” na Ucrânia, para “ajudar os habitantes de territórios separatistas”.
Isto resultou na suspensão da actividade da grande maioria dos “media” independentes, quer nacionais, quer internacionais.
Mais recentemente, a jornalista Marina Ovsyannikova foi detida. e posteriormente libertada, pelas autoridades russas, após ter interrompido a emissão de um noticiário do Channel One, para apelar, através de um cartaz, ao fim da guerra, e alertar os cidadãos sobre a disseminação de propaganda governamental.
Como tal, os consumidores russos dependem, agora, de redes sociais como o Telegram, e da “dark web”, para se informarem sobre a realidade do conflito.