A sua resposta sobre a recente extinção do cargo de Ombudsman por The New York Times é de desagrado; ele reconhece que os leitores fazem a crítica do jornalismo praticado pelo seu jornal favorito, como sempre fizeram, mas isso não chega: 

“Mas essa crítica, este acompanhamento feito pelos leitores, em nada se assemelha ao trabalho do editor público, ou ombudsman. Ele faz a crítica do jornal de uma forma técnica. Faz a crítica do ponto de vista de um profissional do jornalismo movido pelo interesse do leitor. Abrir mão deste olhar técnico, do expert, é abrir mão da discussão sistemática e profissional do jornalismo praticado. Foi péssima a demissão e pior ainda a explicação.” (...) 

Sobre a procura de novos modelos de negócio para o jornalismo digital, diz Caio Túlio:

“As empresas jornalísticas continuam teimando em buscar receitas digitais apenas em publicidade e assinatura (via diversas formas de paywall). A nova fonte de receita sugerida no paper, criar produtos/serviços de valor adicionado, praticamente tem sido ignorada. No memento, a impressão que se tem é a de que apenas o Washington Post pode seguir por este caminho.” (...) 

“A única forma capaz de dar sustentabilidade a um veículo digital de maiores proporções (que fique do tamanho das redacções de imprensa clássicas) é criar uma outra fonte de receitas, que viria dos produtos de valor adicionado. As empresas jornalísticas precisam fazer como fizeram as empresas de telecomunicações quando acabou o tráfego nas linhas fixas. Criaram os tráfegos de dados, e os celulares. Os barões do jornalismo continuam agarrados às suas edições tradicionais e estão vendo-as morrer, definhar. A cadeia de valor no mundo digital é outra.” (...) 

“Primeiro de tudo, é preciso mudar a cabeça dos jornalistas. A maioria tem a cabeça analógica. Não haverá tempo para que as novas gerações, de cabeças digitais, tome conta do negócio. Pode ser que quando as novas gerações chegarem ao poder esta imprensa que conhecemos hoje não mais exista.” (...)

 

A entrevista com Caio Túlio Costa, na íntegra, no Observatório da Imprensa