Para Ortiz, o suicídio só pode ser notícia quando for concretizado por uma figura pública, se relacione com um problema social, ou, ainda, quando tiver consequências na vida pública. Se a relevância do suicídio for consensual é, depois, necessário tomar precauções não afectar o discernimento dos leitores. 


Assim, não se deverá pormenorizar o método, visto que isso pode servir de inspiração para indivíduos depressivos. Por exemplo, após o suicídio de Robin Williams, em 2014, a morte por automutilação  cresceu 32% nos Estados Unidos, nos seis meses seguintes.  É impossível verificar se todas essas pessoas foram expostas às notícias, ou se foram afectadas de alguma forma. 


Os especialistas em saúde mental consideram, porém, que as pessoas podem ser afectados pela cobertura informativa, sobretudo se houver factores em comum, como o sexo, ou a faixa etária.


 Da mesma forma, a OMS apela à não divulgação de cartas de despedida. "As vítimas de suicídio não devem ser glorificadas como mártires e objectos de adulação pública. As notas podem sugerir às pessoas vulneráveis que a sociedade honra o comportamento suicida".


É também, importante, não simplificar as causas do acto. "É útil reconhecer que uma variedade de factores contribui para o suicídio. Não deve ser apresentado como um método para lidar com problemas pessoais”, observa a OMS. Assim, manchetes como "suicídio por..." são enganosas e perigosas.



A OMS recomenda, ainda, que não sejam publicadas fotografias. Essa directiva é, por vezes, difícil de cumprir, visto que os “media” ainda não conseguiram descobrir formas de ilustrar o tema. Será, também, crucial evitar pormenores excessivos e o discurso sensacionalista. Dever-se-á, então, explorar o “meio-termo” : os “media” não devem limitar-se cobrir os suicídios de forma ética, mas, lutar pela redução de “tabus” e de "estigmas”. Em resumo, os jornalistas devem focar-se na diminuição da taxa de suicídio.


Além dessas directrizes, Ortiz salienta, ainda a importância de incluir, na cobertura jornalística sobre o suicídio, os números das linhas telefónicas de apoio.


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