Relatório sobre os Media traz más notícias para a Imprensa
O primeiro destaque diz que, embora esta indústria esteja em dificuldades já há algum tempo, “2015 foi talvez o pior ano para os jornais desde a Grande Recessão e o seu efeito imediato”.
A circulação dos diários teve uma quebra de 7%, a maior desde 2010 e, embora a circulação no digital tenha subido um pouco, ela conta apenas para 22% do total. Em 2015, o total das receitas da publicidade caíu cerca de 8%, incluindo as perdas no impresso como no digital.
Há neste momento cerca de 33 mil jornalistas em full-time, nas redacções (sabendo-se que os jornais dão emprego a 32% dos repórteres em Washington, para fazerem a cobertura do Congresso, bem como a 38% dos que cobrem os órgãos legislativos estaduais).
Os últimos números sobre o emprego referem-se a 2014 e revelam um declínio de 10%, maior que qualquer outro desde 2009, deixando uma força de trabalho diminuída em 20 mil postos desde há 20 anos atrás. E neste ano de 2016 já se sabe de pelo menos 400 despedimentos, ou rescisões anunciadas.
O segundo destaque conta que a publicidade digital subiu 20% no ano passado, e os anúncios para os dispositivos móveis já passam acima dos computadores fixos, “mas as empresas jornalísticas não têm sido as principais beneficiárias”.
Houve um crescimento explosivo na publicidade para os meios móveis, que aumentou 65%, atingindo 32 biliões de dólares, mas cerca de dois terços dos 60 biliões do total gasto em publicidade digital foram para apenas cinco empresas de tecnologia: Google, Facebook, Yahoo, Microsoft e Twitter.
O terceiro diz que, em contraste com os problemas dos jornais e a subida do digital, as receitas dos noticiários de televisão local mantêm-se relativamente estáveis, em 18,6 biliões de dólares - por enquanto. Elas baixaram desde 2014 mas, como a indústria recebe um grande impulso do investimento em ano de eleições, a melhor comparação é com 2013, que teve níveis equivalentes de receita.
Mas há uma ameaça demográfica: enquanto a televisão local tem continuado a ser a fonte de notícias mais comum para os americanos, a principal fonte, para as novas gerações dos millennials, já é o Facebook.
O quarto destaque diz que, em parte por causa destas altamente competitivas primárias presidenciais, os noticiários da TV por cabo tiveram uma subida de visionamento de 8%, para cerca de 3,1 milhões de espectadores no prime-time.
Este efeito foi particularmente pronunciado na CNN, cuja audiência prime-time cresceu 38%. Os canais por cabo também ganharam economicamente, prevendo-se que a receita anual para os três maiores (Fox News, CNN e MSNBC) suba 10%, para os 4 biliões de dólares.
O último destaque chama a atenção para o aumento das emissões rádiofónicas de conteúdos para dispositivos móveis, do tipo a que hoje se chama podcasts, que podem ou não ser de notícias.
Mas o texto principal do relatório sublinha, quando fala das cinco “gigantes” da tecnologia digital:
“Os dados sugerem que o impacto que estas empresas de tecnologia estão a ter sobre o negócio do jornalismo vai muito além do lado financeiro, até aos elementos centrais da própria indústria noticiosa. Na era pre-digital, as empresas jornalísticas praticamente controlavam os produtos e serviços noticiosos de princípio a fim, incluindo a reportagem original, a escrita e produção, a embalagem e entrega, o conhecimento da audiência e a selecção editorial. Com o tempo, empresas de tecnologia como o Facebook e a Apple tornaram-se um actor integral, senão mesmo dominante, na maior parte destes terrenos, passando por cima das escolhas e dos alvos das produtoras noticiosas, com as suas próprias escolhas e projectos.” (...)
“Compreender a indústria [noticiosa] permite aos investigadores formularem e responderem a questões importantes sobre a relação entre a informação e a democracia.”
A notícia no Observatório da Imprensa, que contém o link para o estudo original, e os cinco destaques referidos