Nic Newman, o autor deste trabalho, é um investigador do Reuters Institute for the Study of Journalism, que tem sido, desde 2012, o autor dos Digital News Reports que saem todos os anos. No texto de abertura, presta o seu agradecimento aos 143 dirigentes de meios digitais, de 24 países, que contribuíram para o inquérito sobre os principais desafios e oportunidades que se colocam neste ano. 

Desses 143 editores e dirigentes de empresas, 70% afirmaram que as preocupações a respeito da divulgação de notícias falsas pelas redes sociais vai fortalecer a sua posição, enquanto 46% se declararam mais preocupados sobre o papel desempenhado pelas plataformas do que no ano passado. 

Cerca de 56% dizem que o Facebook Messenger vai ser parte importante, ou muito importante, nas suas iniciativas deste ano, enquanto 53% dizem o mesmo do WhatsApp e 49% do Snapchat.

Por fim, 33% dos inquiridos com experiência de jornais estão mais preocupados do que no ano passado sobre a viabilidade financeira das suas empresas, e só 8% estão menos preocupados. 

O panorama geral das tendências para o ano de 2017 é sintetizado em doze pontos:

  1. – As iniciativas a respeito das “notícias falsas”, tanto da parte dos editores como das plataformas, falham na tentativa de restaurar a confiança do público; os serviços de fact-checking passam a ser o centro de atenção.
  2. – Vamos assistir a mais cortes de postos de trabalho e perdas na indústria dos media. Irão à falência mais jornais, ou terão reduções de pessoal, ou ficarão só online, nos EUA como na Europa.
  3. – Vai haver mais atenção à fiabilidade dos algoritmos, ao uso dos dados para chegar ao público-alvo e ao poder das empresas tecnológicas.
  4. – Vamos ver o ricochete dos editores em relação ao Facebook Live, à medida que os investimentos iniciais se revelam de mais difícil sustentação e retorno monetário.
  5. – As empresas editoras vão obrigar mais pessoas a fazerem o seu registo de entrada nos websites e aplicações, assim como vão investir muito mais em dados, para poderem fornecer mensagens e conteúdos mais personalizados. 

    6.- Vai haver muita inovação nas aplicações de mensagens, no software de respostas automáticas (chat bots, no original) e no que se chama a arte do conversational journalism.

 

Os restantes seis pontos tratam todos de desenvolvimentos tecnológicos iminentes ou já em curso, com as respectivas consequências: as “ciber-guerras” entre governos e cidadãos, sobre os limites da vigilância pessoal, e mais políticos a seguirem o exemplo de Donald Trump, usando as redes sociais para definir a agenda, abrir novas políticas e como substituto do acesso aos meios tradicionais.

 

 

O texto do Digital News Project para 2017