Relatório do Obercom analisa tendências no sistema mediático em função do Covid-19

Há, porém, dados animadores. De acordo com um relatório da consultora Accenture, as organizações mediáticas estão a responder, rápida e eficazmente, ao impacto económico e social da pandemia.
Segundo o mesmo estudo, esta é uma boa altura para apostar na diversificação de conteúdos e na alteração do modelo de negócio, já que há um interesse crescente pelo consumo de informação.
O mais importante, afirma a consultora, será abraçar a oportunidade única de desenvolver relações de confiança e intimidade com os consumidores, que procuram manter-se informados, entretidos e conectados.
Para tal, será importante ter em conta as tendências de consumo por faixa etária, bem como as preferências a nível informativo.
Um relatório de Abril, produzido pelo “NiemanLab”, demonstra que o consumo de notícias “online” assistiu, em Março, a um pico que não está a ser acompanhado no mês de Abril. Isto porque o interesse por artigos sobre o coronavírus decresceu.
Assim, terão mais sucesso as plataformas que conseguirem contrabalançar conteúdos sobre o coronavírus com outros temas, que despertem o interesse do público.
O relatório recorda, igualmente, que, apesar de os “media” estarem a registar um tráfego excepcional, a queda das receitas publicitárias provocou cortes no orçamento das empresas.
Assim, àmedida que as semanas passam, e à medida que a solvabilidade financeira dos diferentes Grupos é posta em causa, inúmeras marcas têm vindo a comunicar aos seus colaboradores a intenção de reduzir das equipas de trabalho.
Neste contexto, o estudo Influencer Marketing Hub mostra que, das 237 marcas inquiridas, 38% consideram provável que um número considerável de colaboradores passe ao regime do “lay off”.
Segundo os autores, a estatística takvez mais preocupante seja a de que o “lay off” passe a ser encarada como uma medida indispensável, face à agudização económica provocada pelo coronavírus.
Em todo o caso, o facto de essas propostas serem casos isolados e não a regra para o sector da imprensa, está a retardar a criação de uma mentalidade digital entre os consumidores, e, portanto, a afectar a sustentabilidade do ecossistema noticioso.
Adicionalmente, uma das ideias que tem começado a surgir é a de que, no seguimento da racionalização dos recursos e da contenção de custos, a automatização poderá começar a ganhar terreno, substituindo trabalhadores.
O sector televisivo, por seu turno, está, ainda, “em alta”. Esta tendência, pode, contudo, vir a ser alterada, já que as plataformas de “streaming” oferecem conteúdos programas de entretenimento mais diversificados, pelo que as “grelhas” televisivas poderão vir a tornar-se obsoletas.
Por outro lado, a rádio, apesar do choque inicial, estará a registar menos perdas quando, comparada com a televisão ou a imprensa.
A criatividade registada, durante os últimos anos, no sector, coincidente com uma procura incessante de novas formas de monetizar o mercado áudio, poderá ser, efectivamente, uma mais-valia no médio / longo prazo.
Em Portugal, têm surgido parcerias proveitosas, como a estabelecida entre o Grupo Renascença Multimédia e o Portal Sapo, como forma de valorizar o património produtivo do Grupo Renascença, ao nível da informação, e de garantir à marca histórica nativa digital a disponibilidade de conteúdos informativos com o selo de qualidade histórico da marca radiofónica.
Outros projectos mais dispersos, alguns beneficiários de novas formas de distribuição de conteúdos, permitem que a rádio se incorpore no mundo digital de forma bastante directa e eficaz, usufruindo de estruturas de distribuição massificadas e muito eficientes.
Leia o relatório original em Obercom