Relatório da FIJ denuncia jornalismo como profissão de risco
Ainda assim, a Federação Internacional de Jornalistas considera que as organizações internacionais devem manter-se alerta, de forma a responsabilizarem governos e autoridades locais.
Neste sentido, a FIJ recorda que, pelo menos, 235 jornalistas estão presos em 34 países, o que reflecte a imposição de restrições à liberdade de imprensa.
Em alguns dos casos, alerta o FIJ, os profissionais foram condenados sem julgamento.
“Estas descobertas reflectem a preocupante realidade dos abusos de governos, que se protegem através da detenção de jornalistas”, afirmou Anthony Bellanger, secretário-geral da FIJ. “Estes números recordam-nos do preço a pagar por exercer jornalismo e lutar pelo interesse público”.
De acordo com o estudo, a Europa é o continente com o maior número de detenções (91), destacando-se, neste âmbito, a Bielorrússia e a Turquia. Segue-se África, com 62 profissionais presos, a região Ásia Pacífico (42) e o Médio Oriente (33).
A FIJ assinala, por outro lado, que a pandemia veio acentuar as desigualdades no sector dos “media”.
Conforme assinalou o estudo, as mulheres jornalistas estão, agora, sob maior pressão, já que estão a combinar a vida familiar com a vida profissional num único espaço. Isto resultou em maiores níveis de “stress” e ansiedade.
Contudo, o maior problema registado na pandemia passa pelas restrições impostas à imprensa, com três em cada quatro jornalistas a afirmarem ter enfrentando condicionamentos à sua actividade.
Um inquérito realizado junto de 1308 jornalistas concluiu, da mesma forma, que a maioria dos jornalistas “freelancer” perdeu oportunidades de emprego e que mais de um terço dos profissionais passou a focar-se na cobertura da pandemia.
Por outro lado, o FIJ nota que a revolução digital facilitou a cobertura noticiosa sobre a covid-19. Ainda assim, a federação alerta para as condições de trabalho deficientes, bem como para os salários baixos.
Posto isto, a FIJ acredita que os “media” devem assegurar que a informação continua a ser um bem público, essencial para a tomada de decisões e para a manutenção de democracias.
Como tal, a federação considera que, perante todos os desafios, é essencial que os colaboradores em condições precárias sejam protegidos e as redacções apostem na formação de jovens jornalistas.
A FIJ propõe, igualmente, a criação de uma “plataforma mundial para jornalismo de qualidade”, de forma a promover a ética e a sustentabilidade da economia de informação.