Matthieu Pigasse confirmou, durante a reunião, que tinha de facto vendido ao industrial checo Daniel Kretinsky 49% da sua participação accionista. No jornal reina alguma inquietação, e Paul Benkimoun, presidente da Sociedade dos Redactores, conta que “alguns jornalistas pôem em causa o valor da palavra dada por Matthieu Pigasse, nomedamente sobre o direito de consentimento. Nós respondemos que obtivémos um registo escrito  - por e-mail. Não somos ingénuos”. 

“Outros preocupam-se com os ‘danos’ que esta mudança de accionistas traz à imagem de Le Monde. Alguns redactores lamentam também a política do ‘facto consumado’ praticada pelo banqueiro, que vendeu uma participação a Kretinsky sem ter convocado uma reunião com a redacção.” (...) 

“Na reunião de quinta-feira, a composição do capital de Le Monde foi definida: as sociedades de Niel e Pigase detêm, cada uma, 26,6%, tal como Madison Cox, herdeiro de Pierre Bergé, falecido em 2017. Mas Bergé tinha concluído um acordo pelo qual cedia as suas porções a Niel e Pigasse, pelo montante de cerca de 25 milhões de euros, distribuídos por seis anos:   estarão transferidas em Janeiro de 2021. Os restantes 20% do capital pertencem ao grupo espanhol Prisa. A Prisa e Madison Cox não têm poderes de co-gestão, como Niel e Pigasse, mas podem nomear administradores no conselho de supervisão.” (...)

Por seu lado, Le Figaro volta a este tema, definindo Daniel Kretinsky como uma personagem “à Orson Welles”, que fez a sua fortuna na energia pelo “truque” de comprar a baixo preço as centrais de carvão, que já ninguém quer por motivos ecológicos, e rentabilizá-las durante os dez a quinze anos em que ainda são necessárias à produção de electricidade. Mas já está presente no nuclear da Eslováquia e no gazoduto Eustream, que traz o gás russo para os países do sul da União Europeia... 

Segundo as fontes ouvidas por Le Monde, Kretinsky declara que não fará movimentos hostis à redacção do jornal. O próprio apresenta-se como “um homem de compromisso e de consenso” e terá declarado: 

“Pelo meu passado, estou habituado a trabalhar em parceria. É o que tenho feito em várias das minhas sociedades, como o grupo de energia EPH, em que somos três sócios fundadores. Para mim, é natural viver em situação de parceria.”  (...)

 

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