Regulador francês investiga desequilíbrio concorrencial

“Como sinal das tensões criadas, nenhuma das testemunhas contactadas pela Autorité de la Concurrence se arriscou a solicitá-la oficialmente, temendo expor-se aos dois gigantes. Algumas insistiram mesmo em permanecer anónimas, precisou o relator geral adjunto, Nicolas Deffieux, visto que é simplesmente impossível evoluir neste mercado sem passar pelos dois actores referidos.”
Segundo Le Monde, que aqui citamos, “para além do volume colossal de dados que possuem nos seus próprios sites, Facebook e Google ocupam, com efeito, uma posição preponderante na colheita de dados dos outros sites: as suas ferramentas de ligação estão presentes em mais de dez por cento dos sites da Internet.”
O comunicado nota ainda que, no final da cadeia, “os editores não captam mais do que 40% do investimento dos anunciantes”. E reconhece que existe uma “falta de transparência no decorrer das campanhas”, a existência de “práticas fraudulentas” sobre as medidas de audiência e “problemas de visibilidade da publicidade e de preservação da reputação das marcas”, que preocupam os anunciantes. (...)
Se estes exames forem transformados em inquéritos, “estes não estarão prontos antes de, pelo menos, dois anos, o que pode parecer muito tempo num sector marcado por uma reconfiguração profunda, em consequência de duas novas leis vindas de Bruxelas: a RGPD [Regulamento Geral de Protecção de Dados] e a ePrivacy”.
Apesar da lentidão dos processos e do contexto crispado, a Presidente da Autorité de la Concurrence, Isabelle de Silva, mostra-se confiante:
“O que nós fazemos pode ser benéfico ao mercado europeu”, que desejaria, segundo afirma, fazer mais neste sector. Aqueles que forem considerados culpados de práticas anti-concurrenciais arriscam-se a uma sanção que pode chegar até dez por cento do seu volume de negócios mundial.
Mais informação em Le Monde e o comunicado da Autorité de la Concurrence