Regras do discurso nos “media” para combater polarização ideológica
Com a aproximação das eleições presidenciais de 2022, os “media” brasileiros terão de dedicar-se à gestão de audiências e de comentários, por via da “complexificação da narrativa”, considerou Carlos Castilho num artigo publicado no “Observatório da Imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Conforme recordou o autor, com o início das campanhas eleitorais, é provável que comece a verificar-se a partilha de notícias falsas sobre os candidatos à presidência brasileira, bem como a disseminação de mensagens ideológicas através das redes sociais.
Ora, de acordo com Castilho, este é um cenário indesejável, uma vez que poderá anular os esforços de todos os jornalistas, bem como a sua dedicação para a redacção de reportagens e artigos de contextualização sobre a vida política brasileira.
Por isso mesmo, o articulista defende que todas as redacções deverão seleccionar, pelo menos, um profissional, incumbido de filtrar e moderar comentários que contenham um discurso radical, ou informações falsas sobre o processo eleitoral.
Apesar de esta prática não estar prevista na maioria dos manuais de jornalismo, Castilho acredita que poderá fazer toda a diferença, uma vez que ajudará os leitores a focarem-se nos conteúdos noticiosos, em detrimento das “teorias da conspiração” partilhadas nas caixas de comentários.
Neste sentido, o autor sugere que os profissionais responsáveis sigam o guia “Complicate the Narrative”,
Este guia, explicou Castilho, é composto por 22 questões, que os moderadores poderão escrever, em resposta aos leitores que publicarem comentários “radicais”, com o objectivo de os confrontar com as suas próprias ideias polarizadas, e ajudar a reduzir a agressividade do discurso.
Dezembro 21
Esta estratégia, continuou o articulista, foi desenvolvida pela jornalista norte-americana Amanda Ripley, que acredita que os profissionais dos “media” devem ter em conta todo o tipo de opiniões, dando-lhes atenção e “tempo de antena”.
O método de Ripley chegou a ser testado numa edição do programa “60 Minutes”, do canal CBS, focado na polarização das ideologias dos cidadãos norte-americanos.
Apesar de ter sido um fracasso a nível de audiências, que consideraram o episódio "monótono", a técnica foi elogiada pela moderadora do debate Oprah Winfrey, que se disse impressionada pelo seu “desfecho tranquilo”.
Isto aconteceu, explica Castilho, porque a “complicação da narrativa” tem a capacidade de “acalmar os ânimos”, uma vez que contextualiza o discurso dos participantes.
Por isso mesmo, Castilho convida todos os jornais brasileiros a adoptarem esta estratégia, para que os “media” não sofram as consequências da radicalização ideológica, num período crucial para vida política no Brasil.
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