Regimes autoritários baralham e controlam os media para simular liberdade de imprensa

Para o autor, que se concentra bastante na lógica seguida por Moscovo, Putin “não é comunista, não é de esquerda, não é liberal e não gosta de repórter. Na Rússia, a imprensa livre é uma improbabilidade técnica”.
Já na Turquia (97ª posição na lista da Economist), que costuma intitular-se uma “democracia islâmica”, as ameaças, intimidações e encarceramento de jornalistas fazem parte da rotina. “Nos regimes autoritários – escreve - a verificação dos factos é incompatível com a ordem pública”.
E lembra que a Rússia “lançou, em 2014, a agência de notícias Sputnik, orientada por directrizes governamentais, com objectivos que vão além, muito além, das fronteiras nacionais. A agência tem redacções em 30 línguas diferentes e mantém actuação inclusive no Brasil”.
Como é próprio de um regime autoritário, “quem produz a notícia é o Estado, ou agentes aparentemente neutros controlados pelo Estado. O autoritarismo depende desse jogo de aparências. Precisa de investir cada vez mais numa indústria de media, que tem a aparência de um conjunto de redacções independentes e livres. Para continuarem onde estão, precisam de forjar a aparência de democracia e, para forjarem essa aparência, forjam a aparência de jornalismo”.
E o autor enfatiza que é “também isso o que acontece hoje na China – que, não por acaso, controla com rédea curta os sites de busca e as redes sociais –, em Angola (130º lugar) e na Venezuela (107º). Líderes autoritários antissocialistas, como Putin, ou alegadamente socialistas, como Nicolás Maduro, apostam no mesmíssimo truque: estatizar a esfera pública. O que quer dizer isso? É instalar órgãos estatais para, aberta ou veladamente, ocupar os ambientes de comunicação entre as pessoas”.
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