Redes sociais como “antros de desinformação” contra jornalismo
Na última década, assistimos a uma mutação na relação dos actores políticos com a agenda noticiosa e os “media”, já que as empresas de tecnologia e as redes sociais passaram a desempenhar um papel crucial na formação da opinião pública, apontou Raúl Magallón num artigo publicado nos “Cuadernos de Periodistas”, editados pela APM, com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Segundo recordou o autor, durante este período, as redes sociais e os motores de pesquisa deixaram de ser, apenas, uma plataforma de mensagens e partilha de opiniões, passando a desempenhar funções de difusores de “media”.
Além disso, a digitalização da informação veio alterar as prioridades dos investidores publicitários, que viram nas redes sociais negócios mais lucrativos, e optaram por abandonar os meios de comunicação tradicionais. Aliás, em 2018, acreditava-se que a Google controlava mais de 86% das pesquisas do mundo e quase 33% do negócio de publicidade digital.
Com isto, os governantes e outras figuras públicas passaram a garantir a sua presença nas redes sociais, como forma de estabelecer uma relação com o seu eleitorado, e, até mesmo, de manipular o resultado das eleições.
Ainda assim, as grandes empresas tecnológicas não deixaram de estar dependentes das organizações jornalísticas, já que não produzem os seus próprios conteúdos informativos, e que se têm demonstrado incapazes de desmistificar, eficazmente, as vagas de notícias falsas.
Segundo recordou o autor, a relação de interdependência entre redes sociais e os “media” começou por se manifestar na compra de espaços publicitários por parte das próprias organizações jornalísticas. Ou seja, como forma de aumentar as visitas aos seus “website”, as publicações passaram a divulgar os seus conteúdos e ofertas nas plataformas “online”.
Julho 21
Por outro lado, esta necessidade de interligação resultou, igualmente, na criação de “workshops” de apoio ao jornalismo, que visavam capacitar os profissionais com ferramentas de análise de dados, para analisarem as preferências da sua audiência.
É esse o caso da Digital News Initiative, um projecto lançado pela Google, com o objectivo de criar uma “aliança para apoiar o jornalismo de alta qualidade na Europa, através da tecnologia e inovação".
Este tipo de projectos resulta, consequentemente, em novos conteúdos de qualidade, que a Google e o Facebook podem partilhar nas suas plataformas agregadoras, e com os quais podem lucrar.
Ainda assim, estas plataformas “online” continuam a ser acusadas de não assumirem responsabilidade suficiente no combate às notícias falsas, apesar de beneficiarem de uma posição privilegiada no âmbito noticioso.
Posto isto, o jornalismo fidedigno e de qualidade está a reconquistar a sua importância aos olhos dos cidadãos, que encaram as redes sociais como “antros de desinformação”, cujos algoritmos reforçam as nossas próprias crenças e ideologias, sem apresentar o “contraditório”.
Desta forma, Magallón acredita que os “media” têm a oportunidade de tomar as rédeas nesta relação de dependência para com as redes sociais e plataformas tecnológicas.
Para alcançar este objectivo, terão que recuperar a confiança dos leitores, explicar e potencializar o valor agregado que os “media” têm para os anunciantes, além de promoverem uma esfera pública bem informada e menos polarizada.
Com estes três eixos -- considerou Magallón -- poderemos adivinhar algumas das dinâmicas entre plataformas “online” e “media” nos próximos anos.
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