“Realidades paralelas” condicionam jornalismo na era digital
A imparcialidade jornalística está a ser afectada pela digitalização dos “media” e pela existência das redes sociais, levando os cidadãos a questionarem a isenção e a ética dos profissionais do sector, apontou Carlos Castilho num artigo publicado no “Observatório da Imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Conforme recordou Castilho, o princípio profissional da imparcialidade foi introduzido em meados do século XIX, quando a era da “imprensa partidária” chegou ao fim nos Estados Unidos.
De acordo com o autor, a imparcialidade veio, naquela época, recuperar a confiança dos cidadãos no papel desempenhado pela imprensa, ajudando-os a melhorar os níveis de circulação, bem como as receitas financeiras.
Agora, mais de cem anos depois, o jornalismo precisa de voltar a redefinir as suas práticas, indo ao encontro dos objectivos do passado: a sustentabilidade financeira.
Castilho recorda, neste âmbito, que a circulação de notícias falsas tem vindo a dificultar o trabalho dos jornalistas, que são acusados de redigir artigos tendenciosos e de apoiar certas causas políticas.
O mesmo acontece sempre que os profissionais desmistificam determinadas afirmações , contrariando as “realidades paralelas”.
Perante este cenário, salienta Castilho, manter a imparcialidade no jornalismo contemporâneo implica, agora, despender um maior número de horas a ouvir e entender todas as partes envolvidas num conflito, o que, inevitavelmente, acaba por aumentar a carga de trabalho e atrasar a divulgação da informação.Mais complicado do que isso, nota o autor, é o processo de lidar com as “realidades paralelas”, já que isto implica desconstruir mundos individuais, criados por aqueles que querem ocultar a sua incapacidade de lidar com realidades complexas.
Setembro 21
Há também o desafio da escolha das palavras e do estilo narrativo, já que ambos os elementos condicionam o posicionamento dos leitores.
Posto isto, considerou Castilho, de forma a manter a imparcialidade, os “media” têm de aceitar a necessidade de alteração do seu “modus operandi”, o que implicará a extensão de prazos de entrega (conforme a complexidade do tema), bem como a adaptação da estrutura de produção noticiosa.
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