Thomas Vinciguerra, formado na escola de Jornalismo da Columbia University, conta que um dia foi abordado por um outro jornalista, “ostensivamente profissional”, para colaborar como freelance no seu novo site de investigação. Mas quando lhe perguntou por pagamento, o outro começou com uma conversa sobre as importantes pessoas que trabalhavam para ele, vindas de todos os lados, que o site inevitavelmente ia crescer, e que talvez um dia  - sem promessas -  ele poderia dar-lhe uns trocos.

 

Levou uns dias a pensar no assunto e acabou por lhe responder que não estava interessado. Mas hoje, pensando no assunto, acha que a resposta devia antes ter sido resumida em duas palavras que na língua inglesa têm apenas uma sílaba  - que ficam aqui à escolha dos que conhecem o calão local...

 

O desenvolvimento do artigo vai buscar algumas citações de outros autores que pensaram no assunto. Disse Harlan Ellison, escritor de ficção científica: “Eu fico furioso com isto, porque somos sabotados por todos os amadores. São os amadores que tornam as coisas difíceis para os profissionais.”

 

Disse David Wallis, jornalista e fundador da Featurewell.com, que defende os autores e promove a publicação do seu trabalho:

 

“Existe um prossuposto errado, segundo o qual escrever de graça conduz a mais visibilidade. Mas tente usar esse argumento com o seu canalizador: ‘Veja como vai ganhar visibilidade se me consertar esta canalização de graça.’ Você ainda leva com a canalização na cabeça.”

 

Ele admite alguma excepção, quando se está no começo e se tem necessidade de assentar: “Mas na minha opinião quem o faz está a desvalorizar-se a si próprio e ao seu trabalho. Temos de ter muito cuidado com isso de sermos explorados.”

 

O problema é que hoje, na era da escrita digital, tudo ficou mais complicado. “Toda a gente tem um blog”  - contou uma escritora com obra reconhecida -. “Nós somos completamente substituíveis.”

 

Há finalmente o modelo de pagamento por visitas à página online. David Wallis é desconfiado a respeito desta solução, embora reconheça que em alguns casos compensa. Conta que ele próprio escreveu um artigo anti-Trump para um site de esquerda que usava este modo de pagamento, pelos clicks registados. “Passados uns meses, o editor disse-lhe que eu tinha ganho 69 cêntimos... mas que, evidentemente, era provável que viesse mais. ‘Mande-me um dólar, e ficamos quites’, disse-lhe eu. Umas semanas mais tarde recebi um cheque assinado com essa importância. Acho que foi uma vitória.”

O artigo de Thomas Vinciguerra, na Columbia Journalism Review, a que pertence também a ilustração incluída