O autor toma uma faixa de tempo reconhecível, os últimos dez anos, e confronta-nos com o nível de confiança do público na religião organizada, nas escolas públicas, na Presidência e no Congresso. Depois recorda uma sondagem da Gallup, poucos meses antes do 11 de Setembro, a respeito de como os norte-americanos se sentiam a respeito de várias grandes instituições: em média, eram acreditadas por 43% dos cidadãos. Em 2016, esse número tinha descido para os 32%. 

“Não é difícil relacionar essa desconfiança crescente com o sucesso eleitoral de Donald Trump, ou com a capacidade, que parece em crescimento, de algumas pessoas acreditarem em coisas que não são factualmente verdadeiras.” 

Joshua Benton parte depois para uma comparação surpreendente, sobre o que aconteceu à confiança no bancos. “No ano passado, só 27 % dos americanos dizia que tinha confiança nos bancos nacionais, cerca de metade dos 53% de 2004.” 

“E assim como uma porção dos americanos fez o seu check-out do eco-sistema do jornalismo tradicional  - contentando-se com os clickbaits de propaganda, as fakenews do Facebook ou o doce leve [no original airy meringue] dos conteúdos da Internet de 2017 -  muitos também saltaram fora do sistema bancário.” 

Isto significa que não têm dinheiro numa conta bancária, resolvendo o problema, quando recebem um cheque, em centros onde podem trocá-los por dinheiro “vivo”, pagando as contas com cartões carregados com determinada importância ou recorrendo a outras soluções deste tipo. Um relatório de 2015 falava de nove milhões de lares americanos considerados unbanked, e de cerca de 24,5 milhões underbanked  - estes mantêm uma conta normal, mas também recorrem àquelas soluções alternativas. 

Quando se lhes pergunta por que o fazem, para além de pensarem que o seu pouco dinheiro não justifica o trabalho de ter uma conta, vem o argumento da falta de confiança no comportamento dos bancos e, por contraste, a confiança e relação pessoal que entretanto criaram com os seus centros de check-cashing mais próximos, onde são conhecidos e tratados pelo nome. 

“Alguma destas coisas soa familiar aos que estamos nos media? - pergunta o autor. O declínio dos jornais impressos substituíu um conjunto de títulos locais, em que se confiava, por gigantes distantes, em lugares como Nova Iorque ou Washington D.C. O poder das relações pessoais significa que a qualidade do amigo que partilha a notícia no Facebook pode parecer mais importante do que a qualidade da fonte noticiosa que a produziu.” (...) 

“As decisões dos clientes não são conduzidas apenas por percepções de ‘qualidade’; derivam também de factores mais prosaicos, como o atendimento, o custo, sentimentos de comunidade e relação pessoal e o sentido de que ambos os lados, na transacção, têm dentro de si interesses semelhantes.” 

Nestas condições, conclui Joshua Benton, “mesmo fazer um jornalismo de grande qualidade já não é suficiente”.

 

 

O artigo original, na íntegra, no site NiemanLab, a que pertence a imagem, assinada AP/Elaine Thompson