Quando as notícias são falsas de propósito e enganam jornalistas

O artigo que citamos é de Jack Murtha, da Columbia Journalism Review, que descreve nove casos recentes, na Imprensa dos EUA, começando precisamente por um desses sites, que se disfarça do verdadeiro ABC News, imitando o logotipo e o próprio endereço na Net. Mas as letras pequeninas, que advertem para a natureza “satírica” do produto, ficam num canto e passam despercebidas.
Por outro lado, a produção desses sites tem o cuidado de misturar notícias verdadeiras com as tais satíricas, bem como de citar fontes credíveis pelo meio das inventadas, de modo que qualquer jornalista debaixo de pressão pode ser enganado. Se o assunto for “picante”, a urgência de não se deixar ultrapassar pela concorrência é fatal.
“Os maiores culpados - escreve Jack Murtha - são as empresas que avalizam e recompensam um comportamento que dá força às notícias falsas. Ao insistirem tanto no tráfego, na produção prolífica e no tom de protagonismo social, algumas redacções deram prioridade ao que é imediato e provocante, enquanto desvalorizam a reportagem. Este sistema, no fundo, permitiu aos sites de notícias falsas desenvolverem as suas melhores práticas para enganarem jornalistas.”
“As empresas de notícias têm de reconhecer a importância de se tornarem filtros afinados num mundo de informação abundante, duvidosa e questionável” - disse Craig Silverman, editor do BuzzFeed Canada, ele próprio um inimigo declarado das falsas notícias.
O artigo cita o caso do site noticioso Business Insider - contado pela CNN Money - onde os jornalistas são pressionados a aumentar a sua produção. “Se estivessem a escrever cinco posts por dia, explicou um ex-empregado, [o editor] Henry Blodget insistia com eles para escreverem seis. E num documento interno, em Janeiro, Blodget antevê um dia em que os sites e o conteúdo distribuído pela Business Insider possam gerar um bilião de visitantes individuais por mês.”
“Essa pressão constante para gerar mais tráfego contribuíu para o êxodo recente, segundo vários membros da equipa que acabaram por deixar a empresa.”
O artigo de Jack Murtha, na CJR