O autor dá como exemplo a presente tragédia do menino preso num poço, mas insurge-se mais contra as “declarações ocas de políticos, com as suas réplicas e contra-réplicas”, cheias de lugares-comuns e gracejos supostamente inteligentes, os noticiários desportivos cada vez mais insistentes, a busca de audiências pelos títulos chamativos a constante batalha, nos meios digitais, pelos clics da audiência. 

Outro problema vem de “um importante fenómeno colateral: o populismo tomou as ruas, e o seu reflexo na informação política é muito venenoso”. 

Citando um texto de Frederic Filloux, no Monday Note, aponta como os movimentos políticos classificados como populistas se multiplicaram por cinco desde 1990. “A era Trump está a acelerar a generalização da informação enganosa e manipulada (um cálculo em The Washington Post refere-se a 7.646 mentiras ou afirmações enganosas nos primeiros 710 dias de Trump como Presidente dos Estados Unidos).” 

Trabalhar como jornalista nos Estados Unidos, nas Filipinas, no Brasil, ou em países europeus como a Hungria, a Itália e agora a França, com o movimento dos “coletes amarelos”, tornou-se muito mais ingrato  - afirma Filloux. 

Outro autor aí citado, o jornalista Roman Borstein, explica no site da Fundação Jean Jaurès como funciona o “culto da transparência total” nos “directos” de cobertura da violência nas ruas: 

“A informação é construída de uma forma participativa e circula horizontalmente. Um clip de 30 segundos feito com um smartphone é mais credível do que um noticiário de televisão, uma série de fotografias ‘partilhadas’ anonimamente é tratada como melhor avaliação das dimensões de uma manifestação do que a contagem feita pelos Décodeurs de Le Monde, e um gráfico de fonte não identificada, expondo os ‘factos reais’ de um alegado indicador económico, será recebido como mais credível do que um site especializado.”

 

O artigo aqui citado, na íntegra em Media-tics. Mais informação no texto de Frederic Filloux