Nos últimos meses, os “media” -- particularmente os locais -- têm sido monopolizados pela pandemia, deixando de focar-se noutros temas importantes para a sociedade. Contudo, isto não é, necessariamente, uma mudança negativa.
Quem o diz é a jornalista alemã Ulrike Schleicher que, em entrevista ao “Observatório da Imprensa” -- associação com a qual o CPI mantém um acordo de parceria -- reflectiu sobre as principais mudanças registadas no mundo jornalístico.
O trabalho de Schleicher inclui uma experiência internacional de quatro anos em Israel, onde viveu e contribuiu para os “media” alemães com informações sobre a vida local e as questões que envolvem a Faixa de Gaza.
Segundo recordou a jornalista, a liberdade da imprensa alemã registou o seu primeiro impulso com a queda do Muro de Berlim, que abriu um debate plural sobre questões políticas. A Alemanha passou a ser considerado um dos países mais liberais do Mundo e isso é espelhado na cobertura das crises étnicas e de refugiados.
“Em geral, ainda existe uma grande vontade de defender os direitos humanos. Cheguei a cobrir a vida difícil dos indígenas no Peru e muito mais. Tenho, contudo, a sensação de que a cobertura dos direitos humanos perdeu importância devido às mudanças climáticas. E, claro, em tempos de Coronavírus, tudo o resto ficou em segundo plano”, considerou.
Novembro 20
Aquela profissional considera, contudo,que, durante o período de pandemia, os “media” locais devem continuar a focar-se em “situações bizarras”, relacionadas com as medidas governamentais.
“Moro no estado de Baden-Wuerttemberg, mas a apenas 50 metros — do outro lado do rio Donau — fica o estado da Baviera. (...) Durante o confinamento que aconteceu na primavera, não era permitido aos cidadãos da Baviera fazer caminhadas acompanhados de amigos, apenas familiares podiam andar juntos. Mas em Baden-Wuerttemberg, as pessoas podiam andar com alguém que não fosse da família, não importava quem”, apontou.
“Quando cobrimos isto, temos que explicar e entender as peculiaridades do federalismo alemão. (...) cobrimos a política local, a economia, a administração, as questões sociais relacionadas à construção de moradia, ruas, ferrovias. Tentamos representar as pessoas que moram nas cidades, tanto nativos como estrangeiros, bem como os oprimidos e aqueles que estão comprometidos em apoiar os outros. Cobrimos as celebrações oficiais e falamos sobre tradição e inovação”.
A jornalista lamenta, porém, que a maioria das notícias locais seja, agora, apresentada em formato digital, que não abre espaço para a verdadeira reflexão.
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