Projecto independente revoluciona jornalismo em Cuba
As condições para exercer jornalismo digital independente em Cuba não são as mais favoráveis, devido às restrições impostas pelo governo e ao acesso instável à internet, reforçadas perante a contestação que se tem manifestado na rua.
Ainda assim, segundo recordou o “Laboratorio de Periodismo”, alguns projectos têm conseguido bons resultados a nível de audiências, ao oferecerem jornalismo multiplataforma inovador e disruptivo.
É esse o caso do projecto “El Toque”, que se assume enquanto “uma plataforma digital cubana independente”, cujo principal objectivo é informar os cidadãos sobre questões de cidadania, empreendedorismo e participação social.
Em entrevista para o “Laboratorio de Periodismo”; o editor-executivo do “Toque”, José Jasán Nieves Cárdenas, esclareceu que a publicação conta com a colaboração de vários correspondentes, que redigem artigos a partir de diversas partes do Mundo.
“O limite geográfico da ilha já não é suficiente para explicar Cuba, e que o cubano se faz dentro do país, mas também na diáspora. Todos trabalhamos em casa, utilizando a Internet e plataformas de videoconferência para reuniões”.
Ao todo, “El Toque” conta com 47 colaboradores, que se dividem pelas áreas de investigação, edição, fotografia, audiências, “marketing”, redes sociais e inovação. Assim, o jornal tem conseguido construir a sua agenda noticiosa com base nas necessidades das audiências.
O jornal tem-se deparado, contudo, com algumas dificuldades, já que o governo cubano rotulou este título como “subversivo”, acusando-o de conspirar com forças estrangeiras.
Ainda assim, a publicação tem conseguido ultrapassar os obstáculos governamentais, apostando em formatos inovadores e multiplataforma, que reflectem a digitalização do jornalismo, um pouco por todo o mundo.
A maioria destes conteúdos está, ainda, adaptada à realidade digital cubana, caracterizada pela fraca qualidade da internet móvel.
Graças a estes esforços, o jornal tem conseguido chegar aos cubanos entre os 30 e os 45 anos, com educação superior, e que estão interessados na actual situação socioeconómica e política do país.
Julho 21
Tudo isto, explicou José Jasán Nieves Cárdenas, tem sido possível graças às doações dos leitores e de organizações de cooperação internacional.
De acordo com a Freedom House, Cuba tem um dos sistemas mediáticos mais restritivos do mundo, já que o governo controla todos os “media” oficiais e proíbe empresas de imprensa privadas. (Aliás, “El Toque” só é permitido no país por pertencer a uma organização holandesa).
Cuba encontra-se em 171º lugar no Índice de Liberdade de Imprensa dos Repórteres sem Fronteiras, entre 180 países.
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