Projecto de lei de Macron contra “notícias falsas” marca passo…
Segundo a reportagem de L’Obs (Le Nouvel Observateur), que aqui citamos, os deputados de La République en Marche, o movimento de Macron, “subestimaram a oposição vinda das fileiras de LR [Les Républicains], da France Insoumise e do Rassemblement National (a ex-Frente Nacional). Tanto Jean-Luc Mélenchon como Marine Le Pen se empenharam em “fazer descarrilar um texto que, no fundo, os envenena”. (...)
A futura lei prevê, entre outras coisas, que a autoridade reguladora (CSA) pode recusar o pedido de credenciais de uma estação de televisão ou de rádio que provenha de uma entidade “controlada por um Estado estrangeiro” ou “sob influência de um Estado estrangeiro”. No ponto de mira fica “Russia Today, a cadeia internacional fundada pelo Kremlin e concebida como um softpower para restabelecer a imagem da Rússia no estrangeiro”.
Segundo L’Obs, “Mélenchon tem uma admiração sem limites pela Rússia, e Le Pen, enquanto candidata às presidenciais, foi recebida por Putin durante a campanha. Para o dirigente de La France Insoumise, a proposta contra as fake news ‘está ligada à batalha pelo softpower’. Ela resulta - garante - das instruções norte-americanas, exigindo medidas a tomar pela França: quando iremos suprimir a RT e a [Agência] Sputnik?”
Segundo a deputada Constance Le Grip, de Les Républicains, o Presidente Macron quer agora vingar o candidato Macron, que foi durante a campanha o alvo de muitas fake news, mas “o Rei de França não vinga as querelas do Duque de Orleães”.
A própria definição de fausse nouvelle, ou fausse information, incluída no projecto de lei, acabou por se prestar a críticas irónicas, pela natureza rebuscada da sua formulação.
À saída, alguns deputados admitiam a possibilidade de o projecto ser votado até ao fim de Junho, ou pelo menos antes do fim da sessão parlamentar extraordinária de Julho.