O primeiro exemplo que descrevem é o de uma troca de palavras entre Nixon e o então jovem Dan Rather, pondo em paralelo a muito recente conferência de Imprensa em que Donald Trump se recusou a responder à CNN e chamou “grosseiro” ao respectivo repórter. A conclusão é que o estilo de Nixon parece elegante comparado com o de Trump. 

Mas a diferença maior é na questão da verdade e da mentira. Nixon mentia quando precisava, com a intenção de enganar. “Trump nem é o maior mentiroso, mas é, de certo modo, o mais franco e indiferente a esse respeito. Ele é capaz de mentir confortavelmente a respeito de qualquer coisa obviamente falsa. É quase como se pensasse  - isso é mentira, se não há intenção de enganar, ou expectativa de enganar?”  -  explica David Greenberg, professor da Rutgers University e autor de Republic of Spin

Enquanto praticamente todos os Presidentes já mentiram, alguma vez, “esta estrela da reality TV embaraça activamente um debate público assente em factos, como nenhum outro antes dele; (...) enquanto todos se ergueram contra a Imprensa, perante uma cobertura negativa, Trump retratou os media como um empecilho político que ele procura activamente derrotar”. 

O texto assinala os novos problemas que se colocam hoje a uma Imprensa enfraquecida e dividida entre si mesma, por questões de competitividade ou tendência política, e deixa o prognóstico possível: 

“Enquanto Trump pode estar equipado de forma única para humilhar a Imprensa diminuída do séc. XXI, a era de confrontação que ele está a promover pode também providenciar a pílula amarga de que os jornalistas precisam para mudarem o seu trabalho no melhor sentido. A questão, sob o Presidente Trump  - como já tinha sido com o candidato Trump -  é se os jornalistas vão conseguir convencer público suficiente a confiar neles e a escutá-los.” 


O trabalho de David Uberti e Pete Vernon, na CJR, com imagem do início da campanha