Populismo e confiança nos Media distanciam-se na Europa
O estudo agora divulgado sublinha esta conclusão principal, na introdução que o apresenta no site do Pew Research Center. Mas uma leitura mais próxima, que vem detalhada com números e gráficos, ajuda a esclarecer também algumas diferenças de pormenor.
Assim, “na Espanha, Alemanha e Suécia, a confiança do público nos meios de comunicação também se reparte pelo leque ideológico entre esquerda e direita, mas a grandeza destas diferenças é fraca em comparação com a que separa os que têm dos que não têm tendências populistas”.
“Se abordarmos o modo como os media se comportam nas suas funções fundamentais, grandes maiorias destes públicos dão altas classificações aos meios noticiosos pela cobertura geral dos temas mais importantes da actualidade. Isto inclui maiorias tanto dos que têm como dos que não têm tendências populistas - embora se mantenham diferenças significativas na grandeza destas classificações.”
“Há distâncias mais substanciais entre esses dois grupos quando se trata do modo como os media fazem a cobertura de temas específicos aqui apresentados: economia, imigração e crime.”
“As pessoas que adoptam uma visão populista manifestam muito menos satisfação com a cobertura noticiosa destes temas. Na Espanha, por exemplo, os que têm tendências populistas estão menos inclinados (-33%), do que os que não têm, a classificar como boa a cobertura mediática da economia. E na Alemanha, as pessoas de tendência populista são menos inclinadas (-29% a 31%) a aplaudir a cobertura mediática sobre a imigração e o crime do que as pessoas sem essa tendência.” (...)
De modo geral, a confiança do público nos media é consideravelmente maior nos países do Norte da Europa incluídos neste estudo, por contraste com os países do Sul. “Mas o Reino Unido é um pouco anómalo, assemelhando-se mais aos países do Sul do que aos do Norte, no seu baixo nível (32%) de confiança pública nos media.” (...)
“No Sul da Europa, a paisagem mediática está mais fragmentada, sem qualquer meio noticioso destacado como a principal fonte noticiosa por mais de 21% de adultos. Também sucede que é nesta parte da Europa que a identidade política entre esquerda e direita está mais alinhada com a escolha que as pessoas fazem da sua principal fonte noticiosa, do que as suas [eventuais] tendências populistas.” (...)
“Também neste ponto se destaca o Reino Unido. Embora a BBC seja dominante como a principal fonte noticiosa para os britânicos adultos, tanto populistas como não, há ainda uma grande diferença entre as porções destes dois grupos que a identificam como sua fonte principal. Só 42% dos que têm atitudes populistas consideram a BBC a sua fonte noticiosa principal, em comparação com cada seis em dez, entre os que não têm essas atitudes.” (...)
“Em sete dos oito países estudados, um terço ou mais dos adultos lê notícias nas redes sociais pelo menos uma vez por dia. A percentagem mais elevada é na Itália, onde metade dos adultos recolhem diariamente notícias por meio das redes sociais. Na França, Espanha, Itália e Alemanha, as pessoas com tendências populistas são mais inclinadas a declarar que procedem deste modo do que as que não têm as referidas tendências.” (...)
O artigo citado, na íntegra, no Pew Research Center