Em resposta à pergunta sobre se a função do Polígrafo será “descontruir as fake news”, responde: 

“O termo fake news [notícias falsas] também tem muito que se lhe diga. É uma expressão que está a ser, cada vez mais, banida, porque se é fake [falso] não é new [notícia] e se é new não é fake. Não vamos desconstruir notícias, vamos desconstruir o que está na base das notícias. Não vamos fazer fact checking de notícias, mas de protagonistas. Quero focar-me na mensagem, não no mensageiro.” (...) 

Sobre o que torna diferente este projecto, Fernando Esteves compara-o com “a Imprensa tradicional que tem vindo a ser esvaziada de capacidade nos últimos anos, por não segurar as pessoas com mais experiência”: 

“As redacções perderam também porque encolheram, não têm tantos meios humanos para fazer uma triagem mais séria e mais aguda da informação que chega. Não estou a falar de falta de seriedade, estou a falar de falta de meios. Se à falta de meios da Imprensa tradicional se junta a desinformação que circula nas redes sociais, então temos um fenómeno explosivo para o cidadão deixar de acreditar na informação que lhe chega.” (...) 

“Há um estudo do Poynter Institute, feito depois das eleições americanas, que concluiu que se uma pessoa for impactada três vezes por uma informação falsa, acaba por acreditar nela. Isto se a informação falsa for contra as suas convicções, porque se for ao encontro das suas convicções acredita à primeira. Isto é muito perigoso, pode ser utilizado por candidatos a ditadores.” (...) 

Sobre o modo como vai funcionar o Polígrafo

“Vai ser fact checking puro. Vamos avaliar dezenas de protagonistas em permanência, primeiro-ministro, membros do Governo, líderes da oposição, deputados. Estamos a falar de influenciadores, personagens com capacidade de gerar debate nas redes sociais, como Marques Mendes ou Francisco Louçã. No fundo, todas as pessoas que têm uma voz na sociedade portuguesa.” 

“Imaginemos a cobertura do debate no Parlamento, nós vamos lá estar numa lógica diferente. Fazemos um estudo prévio, vamos já com dados muito concretos, vamos ter um interlocutor especialista dentro de cada bancada parlamentar. Vamos fazer fact checking em tempo real. É colocar exigência em cima das pessoas que se movimentam no espaço público.” (...) 

Sobre as fontes de financiamento do projecto, afirma: 

“A maior parte destes projectos são financiados por fundações e ONG, mas também há projectos comerciais. No caso do Polígrafo, percebi que as fundações privadas não têm capacidade financeira para um projecto destes. Vai ser um projecto comercial, associei-me ao Sapo, a Altice vai tomar conta do departamento comercial do site.” 

“Como nos outros jornais, as receitas vêm da publicidade, patrocínios, conferências, vamos fazer o que qualquer órgão de comunicação social faz. Mas vamos acrescentar uma faceta nova, temos um programa chamado Polígrafo Educação, que consiste em workshops de literacia mediática em escolas do ensino básico e secundário.” 

“O problema das crianças é que acreditam em tudo o que lhes chega através dos youtubers, têm de aprender a duvidar. Estou a preparar uma parceria com o maior site de fact checking do Brasil, a agência Lupa, que tem um programa semelhante. 60% dos lucros vem da realização destes workshops.” (...)

 

Mais informação na entrevista ao Expresso e no ECO - Economia Online