De certa forma, ambas as partes reconhecem que o crescimento da publicidade digital não é realista e que, para que a relação entre ambos seja produtiva, ela terá de gerar mais subsídios directos ou um caminho para monetizar o público. 

 

Os primeiros cinco anos de desenvolvimento de relações integradas, entre organizações de notícias e empresas de plataforma,  não tiveram muito sucesso. As redacções não encontraram sustentabilidade, e as plataformas, particularmente o Facebook, YouTube e Twitter, tornaram-se sinónimos de desinformação e abuso, em vez de oferecerem  notícias e entretenimento de qualidade. 

 

O encerramento e cortes nas redacções, que se inclinaram para o vídeo com base nas falsas projecções do Facebook, sobre o aumento das receitas; uma série de mudanças nos algoritmos, que deixaram as organizações de notícias desorientadas e a desinformação, foram alguns dos vários problemas dessa “parceria” entre os media e as plataformas.

 

O certo é que as receitas de publicidade digital aumentaram para o Google e o Facebook. E até o The New York Times viu um grande declínio na publicidade digital. 

 

Verificou-se, também, o crescimento constante das plataformas que desenvolvem "salas de redacção" internas. A Apple e o LinkedIn têm as suas próprias equipas editoriais, estabelecidas por dezenas de jornalistas, que editam activamente material para as plataformas. 

 

A implementação do separador “Notícias” no Facebook vai fazer com que a empresa também siga este caminho. A nova iniciativa já pagou a certas editoras fundos significativos para fazer parte do programa.. O New York Times e o Wall Street Journal, por exemplo, assinaram  acordos plurianuais de milhões de dólares pela sua participação.

 

A autora considera que “embora possa servir a um punhado de empresas incumbentes, é improvável que [o projecto] resolva a crise”.

 

Enquanto isso, o Google e o Facebook já começaram a distribuir dinheiro a organizações jornalísticas sob o formato de "apoio" e "subsídios". 

 

“Cada organização diz que investirá um modesto montante de 300 milhões de dólares (numa base global) no jornalismo, entre 2019 e 2022, com um foco declarado em iniciativas para notícias locais nos EUA. 

 

Google, ao lançar experiências locais de notícias, já está a financiar o Compass Project, apoiando a McClatchy na criação de três novas redacções em todo o país, embora sem ‘controlo editorial’. Este novo tipo de apoio directo traz consigo oportunidades, mas também riscos”, refere Emily Bell. 

 

Este “patrocínio” vai, certamente, definir a próxima fase para as plataformas e para os editores, onde o jornalismo das redes sociais fará parte de uma estratégia remunerada. 

 

Provavelmente, empresas como Apple, Facebook, Google e, até mesmo a Amazon,  já estão a projectar a próxima fase do desenvolvimento de redacções, uma vez que são líderes no desenvolvimento de aplicações de inteligência artificial. 

 

Estamos a entrar numa era em que as plataformas têm de mudar a cultura interna e as políticas externas para prestar contas ao seu papel editorial, e durante a qual enfrentarão  regulamentações mais rígidas em torno de suas actividades. 


A autora enfatiza  que “à medida que as receitas publicitárias diminuem e as redacções “ficam no  osso’, a diminuição do jornalismo como força de negócios está a criar um enorme desequilíbrio de recursos e poder entre aqueles que são organizações editoriais  e aquelas que são as plataformas de publicação e distribuição do futuro. Esse desequilíbrio torna ainda mais urgente que as mudanças nas políticas reflictam sobre como construir e sustentar instituições robustas,  que sejam tanto técnica quanto ideologicamente independentes de empresas tão grandes e diversas”.

 

Mais informações em CJR.