O autor, Seth Stephens-Davidowitz, licenciado em Economia em Harvard, começa por dizer que os habituais estudos de opinião trazem consigo muitas ideias tendenciosas, e dá como exemplo um inquérito de 1950 sobre os habitantes de Denver. A percentagem das pessoas que declaravam ter votado, ou ter contribuído para uma instituição de caridade, era bastante mais elevada do que os números reais  - e, no entanto, os questionários eram anónimos.  

O seu livro tem um título revelador e perturbante: “Everybody Lies: What the Internet Can Tell Us About Who We Really Are” (“Toda a gente mente: o que nos diz a Internet sobre aquilo que realmente somos”).  

“Doenças mentais, sexualidade humana, aborto, religião, saúde. Passei quatro anos a analisar os dados anónimos do Google para os Estados Unidos. (…)  Estou agora convencido de que as buscas do Google são o conjunto de dados mais importante jamais recolhido sobre o psiquismo humano”  -  afirma Seth Stephens-Davidowitz.”  

Alguns dos resultados dessa pesquisa, segundo uma síntese já publicada pelo diário britânico The Guardian

Sobre o tema muito íntimo da sexualidade, “as pessoas mentem aos amigos, aos amantes, aos médicos e mesmo a si mesmas”. Segundo os dados do Google, a principal queixa no seio dos pares casados é a falta de relações sexuais. As buscas por “casamento sem sexo” são três vezes mais frequentes do que por “casamento infeliz”, e oito vezes mais frequentes do que por “casamento sem amor”. As queixas são igualmente partilhadas por maridos e esposas.  

E este tema gera “uma enorme ansiedade”, sublinha o especialista, adiantando que “os homens fazem mais perguntas sobre o seu órgão sexual do que sobre qualquer outra parte do seu corpo”.  

Os Big Data do Google revelam-se um bom “soro da verdade” quanto a preconceitos, diz ainda Seth Stephens-Davidowitz. O utentes formulam pedidos de busca juntando “afro-americanos” e “grosseiro”, ou “judeus” e “maus”, ou ainda “homossexual” e “maléfico”. O autor ficou particularmente chocado por descobrir que o termo nigger [expressão pejorativa para “negro”] aparece incluído em sete milhões de buscas todos os anos. As pesquisas com discurso de ódio envolvendo o termo “muçulmano” são igualmente numerosas.

 

 

Mais informação no artigo de Les Echos, que aqui citamos, e em The Guardian