Os especialistas defendem que as colaborações podem ser particularmente importantes para os “media” de países cujo regime é repressivo e anula direitos como a liberdade de expressão. Assim, mesmo que os repórteres locais não consigam cobrir os acontecimentos, os jornalistas internacionais – ou nacionais, radicados noutros países – poderão contribuir para que incidentes e crimes sejam divulgados. 

Ying Chan, jornalista de Hong-Kong, considera, a título de exemplo, que a imprensa internacional vai continuar a reportar os acontecimentos chineses, mesmo com Xi Jinping – líder do Partido Comunista Chinês, a impôr cada vez mais restrições aos “media”. Scilla Alecci, de Itália, está confiante de que os profissionais continuarão a desempenhar a sua função e a trabalhar para expôr as violações dos direitos humanos e aqueles cujo sistema acentua desigualdades.

O desenvolvimento tecnológico tem beneficiado estas investigações, graças a imagens de satélite, ciência forense digital e análises de dados  informáticos. Amr Eleraqi está confiante de que 2020 será o ano em que se revoluciona a análise de dados “online”, com algoritmos a recolher frases, fotografias e vídeos para criar uma outra narrativa.

A inteligência artificial não traz, porém, apenas benefícios. Reginald Chua, director editorial da Reuters, defende que, embora as máquinas sejam uma parte crucial da investigação jornalística, os profissionais têm de se esforçar para explicar aos leitores como é que chegaram a conclusões, visto que é difícil confiar num algoritmo cujo funcionamento não percebemos.

Outros especialistas consideram, no entanto, que a tecnologia é a maior inimiga da verdade e do jornalismo, devido à divulgação de vídeos manipulados, ameaças digitais, vírus e esquemas de “phishing”. Rawan Damen defende, então, que a sobrevivência do jornalismo depende da contínua aprendizagem dos profissionais, que devem enraizar-se no mundo digital, para que consigam encarar não só as novas tendências, mas, igualmente, os novos desafios.

É, então, necessário informar sobre de que forma é que outras entidades utilizam a tecnologia e a recolha de dados pessoais, nomeadamente,governos e forças policiais.

O peruano Gustavo Gorriti destaca os desafios impostos à cobertura mediática, enquanto maior ameaça para o futuro da investigação jornalística, particularmente na América Latina.  O especialista considera que os maiores problemas dos profissionais incluem a segurança, a sustentabilidade, a desinformação e a qualidade.

Quanto a modelos de negócio eficazes, os jornalistas acreditam, sobretudo, no sucesso dos “podcasts” – que tem vindo a angariar audiências cada vez maiores – e do jornalismo de nicho.

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