Como esclarece a notícia da Associação de Imprensa de Madrid, que aqui citamos, a ProPublica é  “uma agência de notícias sem objectivo de lucro, especializada em reportagens de investigação, e que se financia por meio de doações”. 


“Só temos que cobrir os seus custos, sem obter lucros acima da rentabilidade”  - disse Paul Steiger, que explica do seguinte modo o cuidado que se tem para que não haja influência dos doadores:


“Para que funcione como um meio [de comunicação] não sectário, não deve ficar nas mãos dos investidores. Os doadores e membros do conselho só podem fazer sugestões aos editores, mas nunca aos repórteres, para que não se sintam pressionados.”


Temos de reconhecer que é um procedimento que não esperávamos de alguém formado no jornalismo de Wall Street...


Paul Steiger fez estas declarações na qualidade de convidado para a quarta realização do fórum “Conversas com”, uma organização da Faculdade de Comunicação da Universidade de Navarra, em Pamplona.


Durante a sua palestra, deteve-se também sobre os efeitos da revolução digital na indústria da informação, um tema incontornável, como o são também as perplexidades da situação e as perguntas difíceis. Steiger reconhece que as redacções estão a dedicar um grande esforço à sua edição digital, mas “os ganhos que entram pela publicidade na internet são mais reduzidos”. Ao mesmo tempo, os meios que cobram pela sua edição digital conseguem menos ganhos do que aqueles que adquiriam pela publicidade na edição impressa. Em última instância, para Steiger, embora consigam sobreviver, “vão perdendo qualidade”, o que faz com que a sociedade se ressinta.


A sua conclusão sugere as direcções possíveis, quando diz que vivemos “tempos interessantes” e que “terão êxito os que vejam os avanços tecnológicos como uma oportunidade”, enquanto “não sobreviverão os que se deixarem ficar assustados”.


A terminar, Paul Steiger não deixou de alertar contra as ameaças e intimidações que condicionam o trabalho dos jornalistas, como as técnicas de difamação criminal ou as leis contra a blasfémia, por exemplo  -  o que é fácil de acontecer quando os próprios governos são investigados. Steiger admite que os jornalistas possam ser multados quando aquilo que publicam seja falso, “mas não enviados para a prisão”.


A notícia da Universidade de Navarra e o site da ProPublica: